Conheça histórias de pacientes com deformidades faciais que tiveram a vida restauradas com tecnologia 3D
O que você faria se não conseguisse se encarar diante do espelho? Essa é a realidade enfrentada por muitos brasileiros que vencem o câncer, mas saem da mesa de cirurgia com deformidades graves na face. De acordo com estimativa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), até 2025 são esperados cerca de 704 mil casos novos de câncer no Brasil. Mais de 30 mil novos casos de câncer acometem pacientes na região da boca e face. Alguns casos têm cura, outros podem evoluir para mutilações graves que comprometem a fala, alimentação e abalam profundamente e autoestima de quem sobrevive à doença. “São pessoas que vivem escondidas, com vergonha das mutilações. Pessoas produtivas vivem à margem da sociedade. Quando recebem a prótese, retomam a vida com plenitude”, conta Dr. Luciano Dib, cirurgião-dentista e presidente voluntário do Instituto Mais Identidade.
A ONG (Organização Não Governamental), sediada em São Paulo e que tem apoio da Universidade Paulista (UNIP), presta serviço gratuito de reabilitação facial e já beneficiou mais de 200 pacientesde 13 estados do país. As próteses, que devolvem a aparência e a vida aos pacientes, são frutos de mais de três décadas de pesquisas científicas que avançaram nos últimos anos com uso de aparelhos smartphones. Denominada “Mais Identidade”, a técnica utiliza a câmera fotográfica de um celular para fotos padronizadas em série dos pacientes com objetivo de captar sua anatomia. Então, as imagens são processadas em 3D a partir de software gratuito e livre, para que seja realizada a reconstituição digital da porção afetada.
A busca não é apenas restaurar faces, mas devolver a dignidade aos pacientes
De tão reais, as próteses parecem parte do corpo. “A modelagem 3D utiliza a imagem espelhada do lado saudável da face do paciente. Após a reconstituição digital, a prótese é impressa em 3D, seguida da etapa de finalização da escultura em cera, com uso de silicone específico para posterior finalização e acabamento da prótese facial com características do paciente, como cílios, manchas na pele, sobrancelhas”, detalha Dib.
A busca não é apenas restaurar faces, mas devolver a dignidade aos pacientes que são acompanhados por uma equipe multidisciplinar que contempla 20 profissionais, entre cirurgiões, psicólogos, assistentes sociais, designers, entre outros.
Um dos pacientes que teve a rosto restaurado foi o cearense José Nilson Faustino. Debaixo do toldo de sua barraca de pastel, o feirante distribui um sorriso de orelha a orelha para os passantes de uma esquina no Jardim São Savério, São Paulo. Aos 56 anos, dezesseis deles lutando contra o câncer, não conseguia se aposentar por invalidez nem encarar os clientes com as deformidades. Em 2015, recebeu a prótese que se misturou bem com seu tom de pele. “Voltei a trabalhar. O sorriso é cortesia da casa”, conta o feirante que resgatou a alegria de viver.
O relato de José Nilson e muitos outros são contados no livro “A lição de Antonella e outras histórias de amor – a origem do Instituto Mais Identidade”. A publicação reúne histórias de superação de brasileiros que tiveram as vidas transformadas pelo instituto que oferece reabilitação facial gratuita com prótese de tecnologia 3D e será lançada agora no mês de outubro. São testemunhos impactantes com lições de acolhimento, resiliência, e esperança. E, nas entrelinhas, o legado de especialistas brasileiros que se dedicam a recuperar sorriso e vidas.