Prezando pela inovação e pelo fortalecimento da ciência na região, a Iniciativa Amazônia+10 promove a cooperação interestadual, ao financiar projetos que ampliem o conhecimento sobre a sociobiodiversidade amazônica. No Acre, a iniciativa conta com o apoio do governo estadual, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapac). Na manhã desta sexta-feira, 28, foi realizada a assinatura do termo de outorga para os projetos aprovados na chamada Expedições Científicas.
Com um investimento de R$ 76 milhões, a chamada selecionou 22 projetos em todo o Brasil, envolvendo 85 grupos de pesquisa vinculados a 19 fundações de amparo à pesquisa (FAPs) e agências internacionais, como a UK Research and Innovation (UKRI) e a Swiss National Science Foundation (SNSF). No Acre, dois projetos da Universidade Federal do Acre (Ufac) foram contemplados, impulsionando a produção científica local.
Durante a cerimônia, o presidente da Fapac, Moisés Diniz, destacou a importância do investimento: “O recurso investido pelo Estado do Acre nos permitiu proporcionar aos pesquisadores essa importante oportunidade de aprofundar estudos em temas e áreas pouco exploradas na nossa região amazônica, abrindo portas para descobertas científicas e para o crescimento em pesquisa”.

A reunião contou com a presença da reitora da Ufac, Guida Aquino, que ressaltou: “Esse olhar diferenciado para a Amazônia é super bem-vindo. Fico feliz de dois docentes nossos terem sido contemplados e espero que o Estado continue apoiando cada vez mais iniciativas inovadoras como essa. A captação não é somente para a universidade, mas sim para o Estado”.

A secretária adjunta da Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan), Kelly Lacerda, acompanhou o encontro e observou: “Temos um compromisso com o orçamento estadual, para que seja aplicado de forma assertiva e, com isso, sabemos que o direcionamento para apoiar a pesquisa e a ciência é mais do que positivo. Parabenizo os pesquisadores por se empenharem em buscar esse conhecimento e representar o nosso Acre”.

Pesquisas selecionadas
Entre os projetos contemplados, destaca-se “Novas fronteiras no registro fossilífero da Amazônia Sul-Ocidental”, do pesquisador Carlos D’Apolito Júnior, que pretende fazer expedições a localidades de difícil acesso, como barrancos e margens de rios, para coletar fósseis.
“Temos reconhecimento internacional com a paleontologia pela riqueza da região, mas fazer esse trabalho de campo é desafiador. Esse valoroso apoio será essencial para permitir que possamos acessar áreas remotas, fazer coletas e realizar novas descobertas”, explica o pesquisador.

Outro projeto de relevância chama-se “Sociobiodiversidade: análise de agentes zoonóticos carreados por espécies cinegéticas na Amazônia Ocidental”, da pesquisadora Cíntia Daudt. O projeto foca em investigar doenças infecciosas e parasitárias associadas à caça de subsistência na Amazônia, visando entender a relação entre animais silvestres e a saúde única.

A pesquisa contará com o apoio das comunidades locais, com a doação de vísceras e ectoparasitos, que serão analisados com técnicas científicas. Além de ampliar o conhecimento sobre a sociobiodiversidade e os riscos, a pesquisa busca promover conscientização e subsidiar políticas públicas voltadas à saúde das comunidades tradicionais.
A professora valoriza o recurso provido: “É de grande valia, pois o principal gargalo da pesquisa é o financiamento. Sempre desenvolvemos pesquisas menores, com poucos recursos, e desta vez estamos desenvolvendo um projeto maior, envolvendo mais profissionais e impulsionando nossos estudos”.