O chão vermelho do Projeto de Assentamento Walter Arce, em Senador Guiomard, guarda histórias de luta, resistência e esperança. Foi nesse cenário que, na sexta-feira, 26, agricultores familiares receberam a Missão de Monitoramento do Programa REM Acre Fase 2. A equipe conheceu de perto o trabalho desenvolvido pela Associação Três Fronteiras com os Sistemas Agroflorestais (SAFs), uma iniciativa que alia produção sustentável, segurança alimentar e reflorestamento.
Entre os rostos marcados pela dedicação ao campo, estava o de Socorro Ribeiro, extensionista social rural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Acre (Emater). Com voz emocionada, ela fez questão de agradecer o apoio que tornou possível a implantação do projeto. “Esse é um momento importante para nós, porque cada recurso investido aqui fez diferença na vida das famílias. Antes, no inverno, não tínhamos lona para proteger as hortaliças e perdíamos produção. Hoje, conseguimos manter nossas plantações mesmo nos períodos de chuva, e isso trouxe mais renda e dignidade para todos”, destacou.

A primeira-secretária da Diplomacia Climática do Reino Unido, Olivia Murphy, destacou a relevância da iniciativa apoiada pelo REM Acre Fase 2. Para ela, o que mais chamou atenção na visita ao Assentamento Walter Arce foi o protagonismo feminino na condução das ações: “Fiquei muito impressionada com o empoderamento das mulheres, especialmente pelo fato de a associação ser liderada por uma presidente mulher. Isso fortalece a comunidade e mostra o impacto transformador do projeto. Além disso, em um lugar que enfrenta sérios problemas de falta d’água, é positivo ver que agora existem recursos para enfrentar essa realidade”, avaliou.

A agricultora relembrou ainda as dificuldades enfrentadas no passado, quando a comunidade não dispunha de caixas para transporte da produção ou de açudes para enfrentar a seca. “Era muito duro, mas graças ao projeto e ao esforço coletivo, estamos conquistando melhores condições de trabalho. O mais gratificante é saber que podemos prestar contas com transparência e ver que o resultado chega para quem mais precisa: o produtor rural”, acrescentou.

Outra voz que emocionou os visitantes foi a de Maria Gisele de Lima Souza, que chegou ao assentamento em 2017, sem saber como sobreviver da terra: “Eu achava que só sendo empregada doméstica poderia ter sustento. Hoje, sei que a minha chácara é meu trabalho, é dela que tiro o sustento da minha família. Plantei mandioca, frutas, e cheguei a ser destaque na Expoacre com a acerola. Mas nada foi fácil: já carreguei produção nas costas porque não tinha cavalo ou trator para ajudar”, contou.

Gisele destacou a transformação que o projeto trouxe para a comunidade. “O REM mudou nossa forma de produzir. Antes, o fogo destruía nossas hortas. Com as lonas e a estrutura, nossa verdura resiste mais, tem qualidade e valor no mercado. Isso nos deu esperança de continuar. Hoje, a gente planta com mais confiança, sem medo de perder tudo”, relatou, emocionada.

Atualmente, o projeto SAFs no Walter Arce está 80% concluído, beneficiando diretamente e indiretamente 182 pessoas. Com apoio da Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri), a iniciativa prevê a aquisição de materiais para estufas, insumos como sementes e mudas, além da adequação de casas de farinha e construção de açudes.

Mais do que números, o que se viu na sexta-feira foi o reflexo de uma política pública que se traduz em vidas transformadas. Mulheres e homens que, com o apoio do REM Acre Fase 2 e o esforço coletivo da Associação Três Fronteiras, mostram que é possível produzir, reflorestar e viver com dignidade no campo acreano.
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