As chuvas do inverno amazônico deixaram intransitável um trecho da rodovia federal BR-163, no Estado do Pará. A situação tem prejudicado o escoamento da safra de soja e milho de Mato Grosso. Segundo o Governo de Mato Grosso, cerca de 5 mil caminhões carregados, que seguiam para os portos paraenses do Arco Norte, estão parados em meio aos atoleiros em trechos da estrada. Ainda segundo o governo, por se tratar do pico da safra, as transportadoras já contabilizam aproximadamente R$ 50 milhões em prejuízos imediatos, e estimam perdas ainda maiores, caso a situação persista.
Por meio de nota, o Governo de Mato Grosso diz que tem cobrado providências emergenciais e estruturantes do governo federal, pois a rodovia já é a segunda rota mais importante para escoar a safra agrícola mato-grossense. Através dos portos de Miritituba e Santarém, os produtos são embarcados para mercados internacionais, como o da China e Europa.
O governo de Pedro Taques (PMDB) alega que a manutenção e a pavimentação da BR-163 são de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), que é vinculado do Ministério dos Transportes. A reportagem do Portal Amazônia entrou em contato com os órgão federais, mas até o momento não obteve retorno.
“O Governo de Mato Grosso se solidariza com o Estado vizinho do Pará e com os empresários que acumulam prejuízos devido às péssimas condições da rodovia, em plena crise econômica nacional. De imediato, o Governo do Estado tem cobrado a trafegabilidade da rodovia, e, posteriormente, a pavimentação da BR-163 no Pará para melhorar o escoamento da safra”, diz a nota.
Ainda de acordo com a publicação, na atualidade, o trecho da divisa entre os estados de Mato Grosso e Pará até o porto de Miritituba é de 668 km, sendo que só 86% da pavimentação está concluída (faltam 90 km). Já de Miritituba a Santarém, o trecho é de 335 km, e, ainda, restam 86 km para asfaltar (75% concluído).
Apesar de não finalizada, a rota da BR-163 encontra-se em pleno funcionamento para o escoamento da safra de grãos. Caminhões com origem nos municípios agrícolas do norte de Mato Grosso levavam em média sete dias para chegarem aos portos do Sudeste, enquanto que para Miritituba são apenas três dias. O potencial de escoamento total é de 35 milhões de toneladas por esta rota.
O escoamento dos grãos de Mato Grosso pela BR-163 até o estado do Pará reduz em aproximadamente 1 mil quilômetros a distância aos portos, se comparada com a extensão da saída para o sudeste. Por isso, o Governo do Estado acredita que o problema precisa ser resolvido imediatamente, pois a situação afeta não somente os estados e empresários, mas todo o país.
Associações calculam prejuízo
Cálculos da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), divulgados em nota oficial, indicam que para cada dia em que os portos ficam impedidos de embarcar mercadorias, o prejuízo para as empresas é de US$ 400 mil diários, com custos de elevação e ‘demurrage’ (sobre-estadia).
As duas associações estimam que nesta safra serão embarcados pelos terminais de Miritituba e Santarém cerca de 7 milhões de toneladas de soja e milho. Estes prejuízos do setor exportador são imediatamente repassados aos produtores mato-grossenses sob forma de frete mais caros e preços menores pagos pela produção local de soja e milho. Ou seja, os produtores e transportadores pararão a conta por muito tempo.
A Abiove e a Anec destacaram também que as chuvas reduziram a capacidade de tráfego da rodovia de 800 para 100 caminhões/dia. E desde o dia 14 de fevereiro, já não chegam caminhões nos terminais fluviais de Miritituba (PA).
“O Estado de Mato Grosso acredita no potencial de exportação de soja e milho por esta rota, e na economia que poderia ser obtida se a rodovia estivesse totalmente pavimentada, ou, ao menos, em boas condições de trafegabilidade. Em uma conta conservadora, o Estado pontua que Mato Grosso perde mais de R$ 2 bilhões por ano devido à falta de pavimentação da BR-163 no Estado do Pará – 41 anos após a sua implantação”, completa a nota.
Fonte:Portal Amazônia