“Eu escrevo o que eu quero a hora que eu quero no perfil Dilma Bolada”, afirmou o publicitário Jeferson Monteiro, criador do perfil satírico Dilma Bolada nas redes sociais, em depoimento à CPI dos Crimes Cibernéticos; “Não faz sentido dizer que recebo pelo PT, se já passei um mês sem atualizar o perfil”, justificou; segundo ele, o contrato que obteve com a agência Pepper, que prestou serviço ao PT, é parte do bônus de ser reconhecido pelo perfil Dilma Bolada
Luiz Gustavo Xavier, Agência Câmara – Nos últimos momentos da reunião da CPI dos Crimes Cibernéticos desta quinta-feira, o publicitário Jeferson Monteiro continuou negando que recebe recursos do PT para defender o governo e criticar opositores.
“Eu escrevo o que eu quero a hora que eu quero no perfil Dilma Bolada”, afirmou. Segundo ele, o perfil já atingiu seu auge e ele se ocupa de outros trabalhos. “Não faz sentido dizer que recebo pelo PT, se já passei um mês sem atualizar o perfil”, completou Monteiro.
O deputado Alexandre Leite (DEM-SP), que propôs o convite a Jeferson Monteiro, questionou se ele tem alguma relação com as investigações da operação Acrônimo, que apura supostas irregularidades na campanha do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). Leite também questionou se Monteiro já foi processado por calúnia e difamação.
Monteiro negou que tenha sido processado e afirmou que toda documentação de seu contrato com a agência Pepper, que prestou serviço ao PT, está no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e não há qualquer irregularidade. O publicitário disse ser parte do bônus de ser reconhecido pelo perfil Dilma Bolada, que deu a ele o contrato com a Pepper.
O deputado Fábio Souza (PSDB-GO) criticou as postagens feitas pelo perfil Dilma Bolada contra a jornalista Raquel Sheherazade e a ex-senadora Marina Silva (Rede).
Monteiro reconheceu que perdeu a cabeça ao fazer acusações ao senador Aécio Neves depois de ser acusado de receber dinheiro do mensalão por um perfil fake da campanha do PSDB. “Com 18, 19 anos, tinha uma cabeça equivocada, formada pela mídia, como chamar mulher de vagabunda. Era assim que eu pensava. E é isso que é tradicionalmente ensinado pela mídia”. Ele também afirmou que passou do limite ao ofender a jornalista do SBT e que, atualmente, não responde às provocações. “Eu já falei de todo mundo, inclusive do Lula”, explicou.
Farsa
O deputado Sandro Alex (PPS-PR) criticou postagem do PT feita no twitter, que afirmava que a CPI era uma farsa. A deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO) afirmou que vai solicitar à Polícia Federal que apure essa informação.
O deputado Leo de Brito (PT-AC) afirmou que a bancada do PT tem o compromisso para que a CPI tenha os melhores rumos. Ele reforçou que o publicitário Jeferson Monteiro veio à CPI para colaborar e disse que o perfil Dilma Bolada não é fake, nem faz apologia à violência. “Tem os seus excessos, mas não vamos transformar isso no fim do mundo. Não adianta discutir um possível financiamento do blog se não há prática criminosa. Não faz sentido criminalizar um perfil de humor”, criticou Leo de Brito.
Independente
O criador do perfil Dilma Bolada reforçou que atua de maneira independente. “O meu papel e meu compromisso é com o público da Dilma Bolada. Se o PT não gostou ou a Dilma não gostou, só lamento. Não devo satisfação a ninguém. Quem se sentir ofendido, que procure medidas judiciais”, reforçou.
A deputada Alice Portugal (PCdoB) também criticou o convite a Jeferson Monteiro, pois, segundo ela, a CPI foge de seu escopo, e reforçou que não há qualquer criminalidade praticada pelo perfil satírico Dilma Bolada. Portugal defendeu a convocação de quem comete crime contra honra, crimes de racismo e apologia a estupro.
Ela também criticou a incitação ao ódio feita por grupos políticos e criticou o movimento que ocupa o Salão Verde em defesa do impeachment da presidente Dilma. “Se fossem manifestações de servidores e professores, o gás de pimenta já tinha cantado”.
Monteiro disse ainda que o blog Dilma Bolada defende os direitos humanos e combate diariamente a pedofilia e a violência contra a mulher.