No dia 09 de janeiro de 1938, a diretoria do Santos FC inaugurava o busto daquele que é considerado por todos os santistas como o seu maior abnegado. O presidente santista na época era José Martins que determinou que esse dia fosse considerado como sendo o dia de Urbano Caldeira. E nesse distante e histórico dia na vida do Alvinegro mais famoso do mundo, Araken Patusca que foi um dos melhores comandados por Urbano quando este era o treinador da equipe praiana colocou sua medalha de ouro, de campeão paulista de 1935 na herma de Urbano Caldeira e escreveu o seguinte texto que foi lido nesse dia distante:
“Urbano!Giba! – Hoje, no teu Clube, no teu Estádio, inaugara-se a tua herma, homenagem justa e merecida pela tua obra, criando no esporte santista, paulista e brasileiro e, mesmo, sul-americano, o Campeão da Técnica e da Disciplina.
Teu companheiro desde os mais ingratos aos mais auspiciosos momentos, sou uma prova viva das tuas atividades no seio da família Alvinegra.
Urbano, nasci para o esporte das tuas mãos experientes e sábias; tu fizeste do menino, aos 15 anos, um esforçado entusiasta defensor das cores preto e branca.
Orgulho-me de ter sido nas tuas mãos, na tua vida esportiva, um instrumento de algum proveito, de alguma utilidade.
Urbano, tu me deste um nome no esporte do mundo: ARAKEN!
Junto, lutamos para a tua aspiração máxima “Dar a César o que é de César” se por ti nos deram o título de Campeões Paulistas de Futebol, o teu grande sonho.
Nossos esforços variam várias vezes quase premiados, por diversos fatores independentes das nossas vontades, iguais a tua, não foram em tua vida satisfeitos.
Mas…Urbano, o teu aluno, o teu meia esquerda, aquele a quem iniciaste no esporte, tem uma satisfação imensa, a máxima de sua vida esportiva. Aquilo que tanto almejaste em vida, foi, após tantos anos, conseguido, o teu Santos Football Club é o Campeão Paulista de 1935!
No quadro que vestia a camiseta bi-color, um único remanescente de teu futebol figurou: EU!
Consegui para o Santos, para mim, para nós, aquilo que desde 1922 procurávamos.
E hoje, como sempre, o mesmo Santos de Urbano, Ary, Millon, Alfredo e outros, vive no meu coração.
Como único remanescente do esporte pátrio dos teus tempos, julgo-me no direito de transformar os planos do Santos FC na cerimônia de hoje.
Peço-te, Urbano, com o coração transbordando de alegria, que aceites esta medalha: a medalha de Campeão Paulista de 1935, pelo Santos FC.
É o menino que em 1922 iniciaste que tem o orgulho de oferece-la, ganha em 1935, quando já era veterano e quase afastado das lides esportivas…
Salve Urbano! Caro Urbano! Grande Campeão!”
Guilherme Guarche – Coordenador do Centro de Memória e Estatística