No início do ano, a palavra mais usada do dicionário da bola é paciência. Nós, torcedores, precisamos tê-la na cabeça enquanto tentamos suportar, debaixo do sol de verão, a falta de entrosamento e de ritmo de jogo. No entanto, é preciso saber que há limite – até para os torcedores mais otimistas.
Eunão gosto de tirar conclusões precipitadas durante os primeiros jogos da temporada. Mas é complicado assistir a um time que não evolui, não se desenvolve e ainda é elogiado pelo treinador em todas as coletivas pós-jogo. Ninguém aqui é cego.
Neste sábado, tomei coragem e fui pela primeira vez ao Estádio Nilton Santos em 2018. Ainda com a grande decepção da temporada passada em mente, enfrentei o sol, os altos preços e a desorganização que vai do guarda de estacionamento até o ponta direita em campo. Para ser botafoguense, é preciso ter muito mais que amor e paciência.
Em campo, o pouco futebol que mostramos nos primeiros jogos sumiu assim como o voucher do estacionamento no site oficial do clube, horas antes do confronto diante do poderoso lanterna Madureira. O resultado é óbvio: a tão pedida paciência sumiu mais rápido que as coxinhas salgadas do meu amigo Felipe Neto – que, antes mesmo do apito inicial, já haviam se esgotado.
Vítor Silva/SSPress/Botafogo
Essa foto do Vitão foi muito mais bonita que o futebol praticado em campo
Mesmo bebendo a cerveja cara e quente do Niltão, não foi possível aturar o time de Felipe Conceição. Sem vontade, desorganizado e totalmente displicente no setor ofensivo, não conseguimos superar o pior time da Taça Guanabara. Foram raríssimos os lances em que finalizamos em gol.
Não sou a favor de dizer que tudo está uma merda e que o apocalipse vem aí. Mas fica difícil arranjar argumentos para contradizer os que afirmam que passaremos por sérias dificuldades até dezembro; com o futebol atual, a briga contra o rebaixamento já é uma realidade.
Enquanto isso, vemos Felipe dar declarações elogiando o time, cutucando o pobre Fluminense – que ficou apenas um pontinho atrás de nós e só não se classificou também devido à vitória do Boavista. Acho que ele deveria se preocupar mais com o futebol pouquíssimo vistoso que, até agora, só existe em suas declarações desconexas. Gostaria de enxergar as mesmas qualidades que ele consegue ver nessas cinco partidas que aturamos até aqui.
No mais, é bola pra frente. A próxima semana será decisiva, com a estreia na Copa do Brasil, visitando o Aparecidense, e a semifinal da Taça Guanabara, contra os imundos da Gávea. Espero seis pontos e muita entrega – para que possamos começar a projetar algo de positivo para esse ano sombrio.
Notas
Jéfferson: 6
Mero espectador. Poderia ter ficado sentado no banco.
Arnaldo: 3,5
É uma tortura vê-lo jogar. Desengonçado, ruim de bola e, o pior de tudo, nos custou R$ 400 mil. Não foi uma vez à linha de fundo e errou praticamente tudo o que tentou.
Marcelo: 6,5
Anulou bem o fraco ataque adversário e, em uma única arrancada pela direita, mostrou que teria vaga como lateral.
Igor Rabello: 6,5
Também teve atuação segura e não deixou que o Madureira produzisse algo.
Gilson: 3,5
O Arnaldo canhoto. Por puro azar do Botafogo, resolvemos clonar um jogador horroroso e colocá-lo na outra lateral.
Matheus Fernandes: 4,5
Disperso na saída de bola e pouco atuante no campo de ataque. Saiu no intervalo com dores no pé direito.
João Paulo: 5
Apesar da vontade habitual, não fez um bom jogo. Ainda não encontrou o posicionamento ideal com o novo técnico.
Luiz Fernando: 5,5
Mostra habilidade em alguns lances, mas ainda não se soltou. Precisa tomar coragem e ir pra cima dos adversários, como fazia em seu antigo clube.
Leo Valencia: 5,5
Foi quem levou mais perigo com chutes de longe, mas também teve má atuação. Cria muito pouco para o investimento que gerou. Fisicamente incapaz de jogar contra outros profissionais.
Rodrigo Pimpão: 3,5
Mesmo sem a necessidade de recompor tanto, foi trágico no ataque. Muitos erros de passe, finalizações bizarras e uma displicência sem tamanho.
Brenner: 5
Muita movimentação, mas pouca produtividade. A bola chegou muito pouco, o que dificultou ainda mais as coisas.
Dudu Cearense: 6
Entrou e apenas rodou o jogo a partir da intermediária. Não tem futebol para fazer mais que isso.
Kieza: 6
Entrou e mostrou boa movimentação, aparentando estar em boa forma física. Ainda sem entrosamento, pouco participou do jogo.
Renatinho: sem nota
Teve pouquíssimos minutos em campo.
Felipe Conceição: 4
Seu time mostrou pouquíssimo futebol. Criatividade zero, posicionamento ruim e transição lenta demais para o quinto jogo do ano. Demorou demais a substituir e testar novas possibilidades. Não sei se é por opção técnica, mas Lindoso e Bochecha precisam estar entre os relacionados. Deveria, também, testar novos nomes nas laterais.
Fonte: Blog do Pedro Chilingue – Preto no Branco – ESPN