A prioridade é a saída da presidente Dilma Rousseff, mas dentro do Movimento Brasil Livre (MBL), que mantém um acampamento em frente ao Congresso Nacional para pressionar pelo impeachment, há também insatisfação com o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Como presidente da Câmara, cabe a Cunha dar prosseguimento ou arquivar os pedidos de impeachment de Dilma.
— A ordem no acampamento é pressionar, se tornar um incômodo no Congresso para que não fique nessa enrolação que Eduardo Cunha quer conduzir. Ele quer basicamente enrolar as pessoas e ganhar tempo. A gente está aqui para pressionar não apenas ele, mas os parlamentares a tomar ações mais rápidas — disse o empresário Renan Santos, de São Paulo, um dos integrante do MBL acampados em frente ao Congresso.
— Eduardo Cunha está tentando sobreviver, aparentemente. E, nessa tentativa de sobrevivência dele, está ignorando o clamor das ruas. Não está agindo como presidente da Câmara. Está agindo como Eduardo Cunha. Ele está colocando os problemas pessoais dele acima da posição institucional. Isso não é republicano — acrescentou Renan.
Ele defende a saída de Cunha, investigado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na operação Lava-Jato, mas destaca que a prioridade é Dilma.
— A indignação popular em relação a Dilma Rousseff é muito maior do que com Eduardo Cunha. E o efeito da saída de Dilma Rousseff, não apenas moral, mas também para destravar a economia, é muito maior do que a saída de Eduardo Cunha — afirmou Renan.
Segundo ele, os grupos que defendem o afastamento de Cunha, mas não de Dilma, têm uma indignação seletiva.
Parlamentares alinhados ao governo, como o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), vêm defendendo que os acampados sejam retirados do gramado em frente ao Congresso, mas Renan disse que a disposição deles é de permanecer no local.
Além de integrantes do MBL e de outros grupos que pedem o impeachment de Dilma, também acamparam em frente ao Congresso pessoas que pedem uma intervenção militar para derrubar a presidente. Na noite de quinta-feira, a Polícia Militar apreendeu armas com um dos acampados. Ao contrário do que chegou a ser noticiado, o homem preso não fazia parte do MBL. Na verdade, o homem era do grupo que defende a intervenção militar.
O Globo