Porta-bandeira da Porto da Pedra vai girar sábado na Sapucaí em homenagem às 10 cantoras que receberam o título de Rainha do Rádio e à Rádio Nacional Divulgação/GRES Unidos do Porto da Pedra/ Direitos Reservados
Com o enredo Rainhas do Rádio – Nas Ondas da Emoção, o Tigre Coroa as Divas da Canção!, a Escola de Samba Unidos do Porto da Pedra vai prestar homenagem às 10 cantoras que receberam o título de Rainha do Rádio. As irmãs Linda e Dircinha Batista, Marlene, Dalva de Oliveira, Emilinha Borba, Ângela Maria, Vera Lúcia, Dóris Monteiro, Mary Gonçalves e Julie Joy. O tigre do título do enredo é o símbolo da escola.
Os títulos foram conquistados na chamada era de ouro do rádio, que começou nos anos 20, com a inauguração das rádios Sociedade e Clube do Brasil. Em 1936, foi criada a Rádio Nacional, que passou a fazer a integração do país e ser referência cultural. No período em que o Rio de Janeiro era o Distrito Federal, os costumes da cidade na época começaram a ser seguidos, e os profissionais da emissora se tornaram modelos de comportamento, como o autor do enredo, o carnavalesco Jaime Cezário apontou na sua sinopse.
A programação variada da Nacional fascinava e, com o sucesso de suas atrações musicais, cada vez mais populares, os grandes ídolos foram criados. E assim, a Cidade Maravilhosa, como ficou conhecido o Rio de Janeiro,” tornou-se o coração desse novo reinado, onde a realeza da canção arrebatou o país inteiro”.
A importância da Rádio Nacional tem destaque também no samba-enredo da vermelho e branco de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio:
A alma do Brasil ecoou, reluziu Ao som da Rádio Nacional Paixão sem igual Que nos encantou, sintonizou.
Resgate da cultura
O tigre, que aparece no título do samba-enredo deste ano, é o símbolo da Porto da Pedra Divulgação/GRES Unidos do Porto da Pedra/Direitos Reservados
Para o carnavalesco Jaime Cezário, o desfile da Porto da Pedra, que será a quarta escola a entrar na avenida já na madrugada deste sábado (10), vai resgatar essa cultura. “É superimportante. Precisamos resgatar essa parte da nossa cultura. Essa época dourada, tão bonita. As escolas tem que valorizar isso”, disse Cezário à Agência Brasil.
Cezário explicou que, neste resgate da cultura, quis dar destaque às cantoras que foram tão marcantes para os brasileiros. “A minha ideia é homenagear o concurso Rainha do Rádio, as 10 cantoras que ganharam o título. E a Rádio Nacional foi a maior promotora desse acontecimento.”
Na visão do carnavalesco, foi nesse ambiente de glamour da Rádio Nacional que os concursos para eleger a Rainha do Rádio tiveram impulso. “A eleição despertava a atenção do Brasil inteiro. Nossas soberanas tinham uma legião de súditos e súditas apaixonados que disputavam voto a voto quem elegeria a sua diva ao trono da realeza do rádio. Os fã-clubes tiveram lugar de destaque nesse sucesso nacional, pois representavam um misto de adoração e devoção por nossas estrelas”, destacou Cezário na sinopse.
Segundo o carnavalesco, no dia da apuração, o país parava para acompanhar a contagem dos votos e conhecer o resultado por meio das transmissões da Nacional. “Após a contagem de votos e o anúncio oficial da vencedora, as discussões e brigas tomavam conta do público, pois a unanimidade era rara”, indicou no texto.
A Porto da Pedra vai contar toda essa história em quatro setores. Na primeira parte, apresentará o Rio de Janeiro como capital federal e centro de cultura do país. Na segunda, mostrará como os meios de comunicação participavam da carreira dessas artistas. Cezário não se esqueceu de incluir os programas de auditório, como os dos apresentadores Cesar de Alencar e Manoel Barcelos, que tinham suas preferências. Enquanto Cesar gostava de Emilinha Borba, Manoel dava força para Marlene, alimentando a célebre rivalidade entre os fãs das duas cantoras.
O carnavalesco considera privilegiadas as 10 dez artistas que foram coroadas rainhas do Rádio, porque puderam viver um momento de encantamento no período dourado do Rio de Janeiro e do rádio no Brasil. Cezário termina o texto de autoria do enredo fazendo uma homenagem às 10 cantoras e indicando o que será o desfile da Porto da Pedra. “A elas, no carnaval de 2018, sintonizada na mais pura emoção, embalada em sonoras ondas, a Porto da Pedra, com toda nobreza da Corte da Folia, rende esta homenagem, coroando novamente cada uma. E assim nossas estrelas da música continuarão a brilhar.”
Na entrevista à Agência Brasil, Cezário comentou ainda a importância da divulgação dessa história para as gerações que não puderam viver a era de ouro do rádio. “É um enredo de resgate e valorização da cultura. Acho que é muito importante para as novas gerações”, afirmou.
Edição: Nádia Franco