Não deu tempo nem para respirar. Quatro dias após uma das maiores vergonhas da história do clube na Copa do Brasil, o torcedor levou outra porrada e viu o Botafogo ser eliminado de forma constrangedora pelo seu maior rival na Taça Guanabara.
A diretoria, por sua vez, completamente perdida e atordoada, chegou à conclusão de que Felipe Conceição não tem condições de ser nosso técnico profissional. Mostrando total falta de planejamento e de confiança nas decisões tomadas na virada do ano, a cúpula alvinegra acabou por jogar fora a pré-temporada e mostrou que 2018 será um ano longo.
Sobre o jogo, não há muito o que falar. O futebol foi o mesmo de outras partidas, só que contra um adversário mais forte e organizado. O resultado foi um baile do Flamengo, com nossa defesa batendo cabeça, o meio-campo completamente dominado e o ataque nulo e improdutivo. Os números explicam bem: fechamos o 1º tempo perdendo sem ter dado um chute ao gol.
Resumindo, o Alvinegro só conseguiu jogar quando o rival, que já tinha a vantagem do empate, abriu 2 a 0 e relaxou, já cansado. Com espaço, colocamos a bola no chão e chegamos ao gol – muito pouco para quem precisava vencer. O time simplesmente não sabe como funcionar com a posse.
O futuro é sombrio. A falta de dinheiro, aliada à escassez de opções no mercado e ao elenco mediano para fraco, pode nos trazer grandes problemas. Daqui para dezembro não há outra escolha: será uma luta ferrenha contra o rebaixamento. É complicado, não há motivação, mas somente a torcida pode salvar o Botafogo.
O novo treinador precisa de tempo para trabalhar. Fosse eu o presidente, disputaria a Taça Rio com os juniores e faria uma nova pré-temporada até o Brasileirão. Já que há desvantagem técnica e financeira, que ganhemos no entrosamento. Os pontos iniciais, enquanto várias outras equipes disputam outras competições, serão fundamentais. Espero que pensem nisso.
Quanto à eliminação, infelizmente já faz parte da nossa rotina neste século. O Botafogo precisa de uma reviravolta em sua história, assim como foi 1989; virar uma chavinha que está há anos e anos congelada – e, para isso, precisamos ser pioneiros. Que o profissionalismo e o planejamento avançado venham ser o nosso cotidiano.
Notas
Jéfferson: 5
Completamente vendido pela defesa, não teve culpa nos gols. Voltou a demonstrar alguma insegurança.
Arnaldo: zero
Superação é a palavra: conseguiu ser ainda pior que o normal. Uma avenida gigante pela direita, comprometendo todo o sistema defensivo – o que não se justifica de forma alguma, visto que foi novamente inoperante no ataque.
Marcelo: 3
Péssimo jogo. Completamente perdido pelo alto. O sumiço de Arnaldo fez com que ele abrisse para tentar a marcação, criando um rombo na zona central da área.
Igor Rabello: 5
Embora atrapalhado em alguns lances, foi o menos pior na defesa. Lutou bastante, mas acabou envolvido como o restante da equipe.
Gilson: zero
O protesto me deixou sem mais nada a acrescentar: se Gilson é jogador, eu sou o Batman. E é isso.
Matheus Fernandes: 5
Um pouco melhor em relação ao desempenho recente, mas ainda bastante aquém do que vimos na base. Com o meio perdido, também acabou atropelado.
João Paulo: 4
Muito abaixo das últimas atuações. Vários erros de passe, alguns espaços na marcação e pouca participação na organização das saídas para o ataque. Precisamos que esteja sempre em alto nível.
Luiz Fernando: 3
Mais uma atuação bastante apagada. Sua contratação foi um bom movimento pelo que jogou no Atlético-GO, mas precisa superar o medo inicial e o peso da camisa. Potencial ele tem, mas talvez seja melhor entrar aos poucos.
Leo Valencia: 3
Uma grande decepção até aqui. Fica difícil esperar eternamente para que desperte seu bom futebol – mostrado na Sul Americana passada, o que o levou à Seleção de seu país. Sumido, mal tecnicamente, fraco na explosão. Já merece o banco.
Rodrigo Pimpão: 3,5
Os últimos acontecimentos afetaram ainda mais a sua produtividade. Nulo no ataque, mal na marcação – como na falta que originou o primeiro gol – e relapso durante toda a partida. Precisa sair do time titular.
Brenner: 2,5
A bola não chegou, é verdade. Mas ele precisa criar espaços – como fez Kieza no único bom lance do Alvinegro na partida. Fora de forma, fica difícil ser o único atacante. Precisamos de mobilidade e velocidade.
Renatinho: 6,5
Com um pouco mais de tempo para jogar ao entrar no intervalo, não teve grande atuação mas mostrou boa evolução física e técnica. Buscou espaços, deu mais dinâmica ao meio e aproveitou os espaços gerados pelo placar e pelo cansaço adversário. Ótima assistência para o gol. Precisa de mais tempo de jogo para continuar sua evolução.
Ezequiel: 5,5
Não foi tão produtivo, mas mostrou futebol bem mais disposto e vertical que o titular Pimpão. Encaixando os dribles e a velocidade, pode ser arma importante – ainda que entrando na segunda etapa.
Kieza: 6
Ainda buscando a forma física ideal, o atacante entrou dando mais mobilidade ao ataque e tentando criar espaços com sua movimentação. Foi premiado com um bonito gol ao se posicionar bem e ganhar em velocidade da defesa – algo em que Brenner tem sérias dificuldades. Deve ganhar a vaga.
Felipe Conceição: zero
Por seu passado com o clube e a fama de estudioso, até tive esperanças que pudesse dar certo. Mas mostrou estar bastante cru e despreparado para o futebol profissional – como já indicava o seu retrospecto no Gonçalense, o único trabalho fora das categorias de base. Vacilou demais ao deixar Carli – que apesar da falta de velocidade, é quem organiza nossa linha defensiva – de fora. Seu estilo propositivo não funcionou e a defesa esteve bastante vulnerável. Com duas eliminações patéticas, botou ponto final em sua passagem pelo clube. Não temos como cravar, mas Eduardo Barroca tinha tudo para ter sido melhor escolha. Erro da diretoria, mais uma vez.
Fonte: Blog do Pedro Chilingue – Preto no Branco – ESPN