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Jean Wyllys: A revolução de todos os dias

02/11/2015
em Artigos
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Sempre acreditei que, como cidadãos, todos nós podemos intervir na vida política. Desde minha adolescência, procurei atuar politicamente dentro da parte que me cabia: como estudante, jornalista, professor, ativista. Só muitos anos depois, pensei em me filiar a um partido político: o PSOL.

Nós somos 513 deputados federais em Brasília, mas eu, até hoje, não me sinto parte desse grupo. A maioria do Congresso é formada por empresários, barões do agronegócio, representantes das corporações econômicas, lobistas do armamento e religiosos fundamentalistas. É um Congresso que, em sua composição, não representa a realidade da população brasileira: no gênero, na cor, na faixa de renda, na forma de vida. Eu me sinto bastante diferente dos meus pares: sou nordestino, nascido num lar extremamente pobre, embora tenha me dado bem na vida, sou negro, filho de uma lavadeira, homossexual assumido. Também não compartilho com a maioria dos meus pares as mesmas ideias políticas, a mesma filosofia de vida, a mesma ética e nem os mesmos gostos estéticos. Pertencemos a mundos diferentes.

Não é por acaso que esse Congresso elegeu um sujeito como Eduardo Cunha como presidente. Se eu tivesse que escolher uma pessoa que representa, nesse Parlamento, exatamente o contrário do que eu represento, essa pessoa é Cunha. E não digo isso agora, depois que todo o país ficou sabendo das contas na Suíça: eu avisei! Quando ele era uma eminência parda que agia nas sombras e quase nenhum brasileiro conhecia seu nome, eu já o enfrentava.

Nesse contexto adverso, porém, junto aos meus colegas do PSOL — que somos cinco e trabalhamos como se fôssemos 50! — e a aliados e aliadas de outros partidos — sim, tem gente honesta e bem intencionada em vários partidos, e eu reconheço isso, mesmo discordando deles em muitos assuntos —, eu tento fazer um contraponto. Nesse Congresso conservador e reacionário, eu defendo a legalização do aborto e das drogas, o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, a lei de identidade de gênero, me posiciono contra a criminalização da pobreza, contra a redução da maioridade penal e a agenda conservadora e estou do lado dos indígenas e quilombolas, dos adeptos de religiões de matriz africana, das prostitutas, dos favelados, dos mais pobres e de muitos outros grupos difamados e excluídos. Como parlamentar de esquerda, assumo a defesa dos interesses dos trabalhadores, mas também faço isso numa perspectiva diferente de boa parte da esquerda, ampliando a luta contra as opressões por entender que existem outras posições de sujeito que nos colocam em situações de vulnerabilidade e exclusão: ser mulher, negro, gay, lésbica, trans, indígena ou macumbeiro significa para muitos parlamentares estar fora do radar, não existir. Pior: não ter direito a existir. Eu assumo a defesa desses que não existem para muitos.

No Parlamento, tenho que lidar com a ignorância de parte de deputados e senadores que parecem que pararam de ler (ou nunca o fizeram) e de ampliar o seu repertório cultural. Muitos fazem do cargo de deputado uma profissão ou um empreendimento empresário, e esquecem que para fazer esse papel de representante do povo e de legislador é preciso conhecimento. Ninguém é obrigado a saber tudo, mas temos que nos informar e correr atrás quando estamos debatendo os assuntos no Congresso. É uma questão de responsabilidade com cada voto que recebemos.

Hannah Arendt, em seu livro O Que É a Política, diz que o destino da política é a liberdade e que ela deve primar pelo discernimento. Nós temos que enfrentar preconceitos e o senso comum. E temos que estar dispostos à rejeição quando defendemos pautas que não são, hoje, majoritárias; é um preço a se pagar e eu pago tranquilamente. Tenho muito claro que estou deputado; não sou deputado. Estou deputado porque não nasci deputado. Estou deputado por ocupação, sou jornalista e professor por profissão e vocação. Vivi a minha vida inteira assim e não vou colocar minha existência dependente de uma vaga no Parlamento. Um deputado federal não deve ter medo do eleitorado. Eu fui transparente em minha campanha, dizendo as pautas que defendo e não tenho medo de perder votos por defendê-las. Alguém tem que fazer!

Jean Wyllys é deputado federal pelo PSol do Rio de Janeiro.

Tags: Jean Wyllys
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