O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem que respeitar a decisão do Legislativo de abrir o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A declaração foi feita, nesta quinta-feira (11), ao programa É Notícia. A íntegra da entrevista será transmitida na noite desta segunda-feira (14) para terça, a partir da 0h30, na RedeTV!.
De acordo com o senador mineiro, anular a decisão da Comissão Especial da Câmara dos Deputados seria uma intromissão indevida e que pode gerar um conflito ainda maior.
Aécio afirmou ainda que a tendência do PSDB é votar pela cassação do mandato do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Cunha é acusado de ter mentido a seus pares durante depoimento à CPI da Petrobras, quando negou que possuísse contas secretas no exterior e offshores.
“As acusações são graves, é muito grave a situação dele. Já há elementos para garantir a continuidade da investigação. A tendência do partido [PSDB] é ir nessa direção [cassação do mandato]”. Segundo Aécio, “antes do processo de impeachment de Dilma, já tínhamos [PSDB] nossa posição ante Cunha”.
Apesar do tom crítico em relação ao presidente da Câmara, Aécio defendeu a legitimidade da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. “No exercício de sua posição, (Cunha) fez algo legítimo”. Para Aécio, “há uma tentativa de se transformar [o processo] em disputa da presidente da República com o presidente da Câmara [Eduardo Cunha (PMDB-RJ)]”.
Na opinião do parlamentar, o vice-presidente Michel Temer deu sinal claro de distanciamento da presidente Dilma Rousseff com a carta enviada esta semana à petista. “Vi dois momentos na carta: o mais expressivo, o do rompimento. Por outro lado, ele se deteve de forma excessiva na cobrança de nomeações, por exemplo. Senti falta de uma condenação das medidas tomadas e que levaram o país a essa situação”, afirmou.
Sobre um possível apoio do seu partido a um eventual governo de Michel Temer, em caso de impeachment de Dilma, Aécio Neves disse que é algo “que terá que ser avaliado”. “Não é uma questão colocada hoje. Não sei se um governo do PMDB englobaria nossas propostas. Devemos ir devagar com o andor, conhecer o projeto. O PSDB não se negará a apoiar medidas para tirar o país da crise”, ponderou.
“Não me seduz pessoalmente participar de um governo, ministérios, que eu não acredite ter compromisso com nosso programa, com nosso projeto. A proximidade com o PSDB jamais se dará pela oferta de cargos em qualquer governo, inclusive no dele [Michel Temer], eventualmente”, completou Aécio.
Ao analisar o risco de impedimento da presidente Dilma, o presidente do PSDB, principal partido da oposição à atual gestão federal, afirmou que “há uma diferença grande do processo” que levou à queda de Fernando Collor de Mello e o que corre contra a atual mandatária. “Talvez os crimes desse governo sejam maiores que os cometidos por Collor. Dilma e governo mergulharam o país. Se tem alguém responsável por esse processo de impeachment, é a própria presidente da República”, disse.
Para Aécio Neves, “Dilma e o governo mergulharam o país em uma crise sem precedentes” e o processo de impedimento “não é golpe, é previsto constitucionalmente. Não há golpe dentro da Constituição”. “É no campo jurídico que isso deve se resolver. Não é a baixa popularidade ou a economia que tirarão Dilma do poder”, afirmou. “Dou a ela [Dilma] o direito à defesa. Convença o Congresso que não cometeu crimes de responsabilidade fiscal. Se o TSE julgar que ela não usou a máquina pública nas eleições, tenho que respeitar”, completou o político.
Apresentado por Amanda Klein, o É Notícia vai ao ar na virada de segunda-feira para terça, a partir da 0h30, na RedeTV!.
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