Em um canal estreito do rio Guajará-Mirim, no nordeste do Pará, próximo a uma vila de pescadores, uma placa alerta: “Não entre sem permissão. Área particular”. Quem desobedecesse veria, à frente, duas barracas de madeira. Uma servia para o alojamento de 15 pessoas. A outra, para a construção de um submarino que seria usado no tráfico internacional de drogas.
Esse foi o cenário que a Polícia Civil do Pará encontrou na última terça-feira (15). O submarino, em fase final de construção, teria capacidade para transportar até 30 pessoas e levar uma carga de 30 toneladas. O veículo, praticamente pronto para ser usado, segundo a polícia, tem 17 metros de comprimento, 3 m de diâmetro e 4 m de altura. De acordo com os peritos, o motor sozinho pesa 200 quilos.
O estaleiro onde os policiais encontraram o submarino era usado desde setembro, segundo as investigações. No alojamento, havia beliches de madeira, mesas, roupas, alimentos e produtos de higiene. Caixas de produtos eletrônicos continham inscrições em espanhol. A polícia suspeita que colombianos estejam envolvidos no esquema. Ao longo de todo o canal, os agentes também identificaram tanques de combustível.
Os criminosos usavam armas de fogo falsas, como fuzis, feitos de madeira, apontaram as investigações. Na vila de pescadores próxima, o grupo construiu três casas de madeira, como base de observação e monitoramento, e chegaram a impedir que a população pescasse na área, o que teria incomodado a comunidade local, de acordo com a Polícia Civil.
A polícia encontrou o submarino após denúncias anônimas recebidas na segunda-feira (14), que diziam que o veículo seria usado para escoar grandes quantidades de drogas para os Estados Unidos e a Europa. Na tarde desta quinta (17), policiais começaram a retirar o veículo com auxílio de uma lancha. Ele deve chegar no próximo sábado (19) ao porto do Grupamento Fluvial, em Belém.
Fonte: Folha de São Paulo