Nos últimos dias, uma brincadeira de redes sociais que começou nos Estados Unidos virou moda no Brasil. No Desafio da Maternidade, mulheres compartilham fotos felizes com os filhos e falam sobre as alegrias da maternidade. Depois, marcam algumas amigas que consideram boas mães para que dêem continuidade à corrente.
Entre tantos posts ilustrados com pais e crianças sorridentes, uma mãe de um bebê de 40 dias decidiu abrir o jogo e romper com o mito da maternidade cor-de-rosa.
Juliana Reis, de 25 anos, fez um desabafo honesto que perturbou muita gente.
— Eu vou lançar outro desafio, o desafio da maternidade real. De tudo que as mães passam e as pessoas não dão valor, como se toda mulher já tivesse sido programada para viver isso.
No texto, Juliana explica por que ama o filho, mas está odiando ser mãe. E os motivos citados por ela não estão diretamente relacionados ao bebê, mas às pressões vindas de fora.
— Primeiro, a gravidez. “Nossa, que barriga enorme para sete meses”. “Esse bebê não vem, não?”. “Vicente! Mas por que você escolheu esse nome, coitado?”. Pessoas, entendam que grávidas não são patrimônio público.
Juliana também citou a “obrigação” que a mãe de um recém-nascido tem de saber o motivo de cada choro, e a dificuldade de curtir o bebê porque todas as pessoas próximas dão palpites na maneira como ele deve ser cuidado.
— E por último, mas não menos importante, a amamentação. “Mãe que é mãe tem que amamentar! Tem que sentir a maravilha que é ser o alimento do seu filho!”. Hoje eu consigo amamentar com um pouco menos de dor, mas não torna as coisas mais fáceis. Meu filho mama toda hora, e às vezes por uma hora inteira. “Mas seu leite não deve estar sustentando!”. Nas horas que eu ouço isso eu sinto um anjo me segurando para não voar em quem falou! Meu leite sustenta sim, obrigada!
A postagem foi compartilhada no Facebook e recebeu centenas de comentários, muitos elogiando a sinceridade de Juliana, outros com desabafos do mesmo tipo, mas tantos outros agressivos, xingando Juliana de monstro e dizendo que ela odeia o filho. A repercussão foi tamanha que o perfil da mãe foi bloqueado no Facebook.
Ao jornal Extra, ela explicou que a intenção era estabelecer uma troca com as amigas, e não se tornar viral.
— Eu sempre quis ser mãe e meu filho veio para trazer paz e harmonia para a minha vida. E ele continua me trazendo felicidade quando, depois do post, vejo outras pessoas se identificando comigo, sentindo as mesmas coisas. Fez tudo o que passo valer a pena.
As ofensas deixaram Juliana chateada, e o bloqueio do Facebook tornou tudo ainda pior para ela, que se sentiu obrigada a se calar. No jornal, ela publicou um texto em resposta àquelas que a atacaram.
— O que me entristece é a crueldade das pessoas. Aos poucos comentários que eu consegui responder, eu consegui NÃO rebater o mesmo ódio que me foi transmitido. Ainda bem que eu estou com muita estrutura pra encarar isso porque se eu sofresse de depressão pós parto, como muita gente me diagnosticou, vocês só estariam me dando a arma pra me matar.
A mãe pediu menos julgamento e mais solidariedade.
— À quem critica, porque gosta de criticar, ou porque não concorda comigo mesmo (talvez você tenha tido a maternidade dos sonhos): Meu amor por você! E peço pra que tenham mais compaixão com a dor do outro! As palavras machucam.
Fonte: R7