Dois doadores que contribuíram com grandes quantias para a campanha do candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, pediram o dinheiro de volta após os comentários ofensivos do magnata em relação às mulheres revelados na semana passada.
A emissora americana NBC teve acesso a dois e-mails nos quais os doadores pedem o reembolso das doações por se sentirem ofendidos e repugnados pela gravação de 2005 divulgada na sexta-feira, na qual Trump fala sobre abusar de mulheres por ser “famoso”.
“Não posso expressar suficientemente a minha decepção pelas recentes notícias sobre o senhor Trump. Como pai de duas filhas que se casarão em breve, sinto repulsa pelos comentários sobre mulheres”, escreveu um dos doadores, que “respeitosamente” pede que seja reembolsado.
Outro dos doadores se disse “mortificado” ao escutar os comentários “infantis e constrangedores” de Trump no vídeo. “Não posso apoiar um homem machista. Espero que me devolvam as doações”, afirmou.
Segundo a NBC, os dois doadores arrependidos contribuíram com dezenas de milhares de dólares à campanha de Trump.
A própria pessoa que angariou as contribuições dos dois doadores notificou o fundo Trump Victory que não tem a intenção de continuar buscando doações para o candidato republicano – ele afirma já ter levantado cerca de 1 milhão de dólares para o magnata.
Donald Trump arrecadou 41 milhões de dólares em agosto, seu melhor mês até o momento, contra 143 milhões de dólares arrecadados pela campanha da candidata democrata Hillary Clinton.
Governo Bush com Hillary
Nesta quarta-feira, treze membros do alto escalão do governo do republicano George W. Bush (2001-2009) divulgaram uma carta aberta declarando apoio à democrata Hillary Clinton na disputa pela Casa Branca.
O grupo é liderado pela ex-secretária de Transportes Mary Peters e pela ex-chefe da Agência de Proteção Ambiental Christine Todd Whitman, ambas republicanas. No documento, elas dizem que o candidato de seu partido não representa os “valores de civilidade e honestidade que devem inspirar qualquer governo”.
A carta engrossa uma onda de republicanos que deixaram de apoiar o magnata, entre eles o presidente da Câmara dos Deputados Paul Ryan.
Perigo internacional
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al Hussein, afirmou também nesta quarta-feira que a eventual eleição de Trump à presidência dos Estados Unidos seria perigosa “do ponto de vista internacional”.
“Se Donald Trump for eleito, em função do que ele disse até agora e, a menos que isso mude, acredito sem dúvida nenhuma que seria perigoso de um ponto de vista internacional”, manifestou o representante da Organização das Nações Unidas.
“Comentários sobre o uso de tortura, o que é proibido pelo direito internacional, e sobre comunidades vulneráveis de uma maneira que indicaria que podem ser privados de seus direitos. Os comentários de Trump vão nessa direção, são profundamente inquietantes e alarmantes”, afirmou o diplomata jordaniano.
(Com Ansa e EFE)