Por: Odir Cunha
Ao ler o título o leitor ou leitora imaginará uma final. Não, não se trata da decisão da Taça Brasil de 1966, ganha pelo Cruzeiro. Refiro-me a outro jogo, quase no meio do Campeonato Brasileiro de 2002, uma partida aparentemente sem grande importância, mas que acabou sendo decisiva para levar o time dos Meninos da Vila ao sétimo título brasileiro.
Apenas 13.312 pessoas foram ao Mineirão naquele domingo, 13 de outubro de 2002, para ver o Cruzeiro do técnico Vanderlei Luxemburgo contra o jovem time do Santos dirigido pelo técnico Émerson Leão.
Júlio Sérgio, Maurinho, André Luiz, Alex e Léo; Paulo Almeida, Renato e Elano; Diego, Robinho e Alberto foi o time do Santos que entrou em campo com camisas listradas e calções pretos para aquele jogo que seria lembrado como uma das melhores exibições do Santos naquele Brasileiro.
Com um futebol vistoso, envolvente e eficaz, o Alvinegro Praiano venceu por 4 a 1, sem levar sustos. Marcou 2 a 0 no primeiro tempo, com Elano, cobrando falta, e André Luiz, de cabeça, e voltou a marcar duas vezes na segunda etapa, com Elano, de cabeça, e Robinho, infiltrando pelo meio. Só aos 42 minutos do segundo tempo é que o Cruzeiro descontou, quando Joãozinho acertou um chute de longa distância.
Com aquela vitória, a terceira consecutiva, o Santos pulou para a segunda posição no campeonato. Nos jogos seguintes, porém, a equipe não manteve o mesmo rendimento e terminou a fase de classificação em oitavo lugar, classificando-se para a fase final por um precioso detalhe: com os mesmos 39 pontos ganhos e a mesma quantidade de vitórias (11), o Alvinegro Praiano ficou com a vaga pelo saldo de gols, pois tinha 10, contra apenas um do Cruzeiro. Poucos se lembraram, entretanto, que a vitória no Mineirão tinha sido, na verdade, o grande fiel da balança.
Isso só para lembrar que, às vezes, os duelos que encaminham os campeões ocorrem bem antes de uma final. Assim, em franca recuperação, o Santos pode dar um passo importante em busca de uma vaga na Libertadores neste domingo, a partir das 19 horas, no mesmo Mineirão onde conseguiu um triunfo determinando há 16 anos.
Equilíbrio quase total
O jovem historiador Gabriel Santana nos informa que esse duelo é um dos mais equilibrados entre os grandes times brasileiros. Em 79 jogos, foram 29 vitórias do Santos, 28 do Cruzeiro e 22 empates. Nos gols, a vantagem é santista, com 126, contra 113 dos cruzeirenses.
Apenas pelo Campeonato Brasileiro jogaram 63 vezes, com 22 vitórias do Santos, 23 do Cruzeiro e 18 empates. O Santos marcou 92 gols e sofreu 86.
No estádio do Mineirão fizeram 31 jogos, com sete vitórias do Santos, 12 derrotas e 12 empates; 34 gols santistas e 50 cruzeirenses.
Se forem computadas todas as 36 partidas jogadas em Belo Horizonte, o equilíbrio fica ainda mais flagrante, pois foram 12 vitórias para cada lado e 12 empates, com 57 gols do Santos e 60 do Cruzeiro.
Lembra ainda Gabriel Santana que além do Mineirão, Santos e Cruzeiro já se enfrentaram nos seguintes estádios em Belo Horizonte: Antônio Carlos, Otacílio Negrão de Lima e Independência.
Artilheiros do Santos no confronto
1 – Pelé, 6 gols.
2 – Toninho Guerreiro e Neymar, 5 gols.
4 – Robinho e Elano, 4 gols.
Ficha técnica do primeiro jogo
Cruzeiro 3 x 7 Santos
Amistoso jogado em 31 de março de 1929
Estádio Barro Preto, Belo Horizonte
Competição: Amistoso
Santos: Athié, David e Aristides; Júlio, Oswaldo e Alfredo; Siriri, Camarão, Feitiço, Américo e Evangelista.
Cruzeiro: Geraldo, Rizzo e Nereu; Bento, Pires e Nino; Piorra, Ninão, Zozinho, Bengala e Armandinho.
Gols: Bengala aos 7min, Nino (p) aos 20min, Feitiço aos 32min e Evangelista aos 48min aos primeiro tempo; Camarão aos 7min, aos 21min e aos 45min, Feitiço aos 15min, Bengala aos 29min e Evangelista aos 39min do segundo tempo.
Árbitro: Victor Morsa.
Observação: De 1921 a 1942 o Cruzeiro se chamou Palestra Itália.
Ficha técnica do duelo mais recente
Cruzeiro 1 (3) x 2 (0) Santos
Estádio Mineirão, Belo Horizonte
Oitavas de final da Copa do Brasil
15 de março de 2018
Cruzeiro: Fábio, Edilson, Dedé, Léo e Egídio; Henrique, Lucas Silva, Robinho (Rafinha), Thiago Neves e De Arrascaeta (David); Hernán Barcos (Raniel). Técnico: Mano Menezes
Santos: Vanderlei, Victor Ferraz, Lucas Veríssimo, Luiz Felipe (Gustavo Henrique) e Dodô; Renato (Daniel Guedes), Diego Pituca e Artur Gomes (Jean Mota); Rodrygo, Bruno Henrique e Gabigol. Técnico: Cuca.
Gols: Thiago Neves aos 9min e Gabriel aos 41min do primeiro tempo; Bruno Henrique aos 38min do segundo tempo.
Arbitragem: Rodolpho Toski Marques (PR), auxiliado por Bruno Boschilia (PR) e Alessandro Alvaro Rocha de Matos (BA).
Cartões Amarelos: Gustavo Henrique e Gabriel (SFC); Edilson (CEC).