O Produto Interno Bruto (PIB) atingiu R$ 6,267 trilhões em 2016 e a sua queda percentual em relação a 2015 foi revisada de -3,5%para -3,3%. O resultado de 2016 decorreu de uma queda de 2,9% do Valor Adicionado Bruto – VAB e de um decréscimo de 5,6% dos Impostos sobre produtos, líquidos de subsídios.
Os três setores econômicos mostraram quedas: agropecuária (-5,2%), indústria (-4,6%) e serviços (-2,3%). Com isso, o PIB per capita foi de R$ 30.548, com queda em volume de 4,1%).
O consumo das famílias, que representa 62,8% do PIB, caiu pelo segundo ano consecutivo: em 2016 (-3,8%)e em 2015 (- 3,2%). Por outro lado, a despesa de consumo final do governo cresceu 0,2% em 2016, após recuar em 2015 (-1,4%).
De 2015 para 2016, a taxa de investimento caiu de 17,8% para 15,5%, chegando ao seu menor percentual na série histórica iniciada em 1995.
Em 2016, o setor externo novamente contribuiu positivamente para o PIB, com as exportações subindo 0,9%, uma variação ainda positiva, embora menor do que os 6,8% de 2015. A queda nas importações (-10,3%) foi menos intensa que a de 2015 (-14,2%).
Pela primeira vez na série do Sistema de Contas Nacionais do Brasil – referência 2010, o setor empresas não financeiras mostrou capacidade de financiamento (R$ 20,7 bilhões).
Em relação às empresas do setor financeiro, o valor adicionado bruto teve crescimento nominal de 16,7% e alcançou R$423,4 bilhões. Contribuiu para esse resultado o aumento da Selic, que fechou o ano no patamar médio de 14,2% a.a, contra 13,5% a.a em 2015.
Essas e outras informações integram o Sistema de Contas Nacionais 2010-2016 – referência 2010, que agrega novos dados, mais amplos e detalhados, do próprio IBGE e fontes externas, além de atualizações metodológicas, que revisam os resultados divulgados pelas Contas Nacionais Trimestrais. O material de apoio está disponível à direita dessa página.
Indústria (-4,6%) e serviços (-2,3%) e agropecuária (-5,2%) caem em 2016
A Agropecuária recuou 5,2%, após três anos consecutivos de crescimento. Segundo a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), condições climáticas adversas afetaram o desempenho de importantes culturas, como o milho e a soja, cuja produção recuou 24,8% e 1,1%, respectivamente.
Principais Indicadores
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Produto Interno Bruto (R$ bilhões)
3.886
4.376
4.815
5.332
5.779
5.996
6.267
PIB per capita (R$)
19.939
22.260
24.278
26.658
28.649
29.467
30.548
PIB (% em volume)
7,5
4,0
1,9
3,0
0,5
-3,5
-3,3
Despesa de consumo final (% em volume)
5,7
4,2
3,2
3,0
1,9
-2,8
-2,9
FBCF (% em volume)
17,9
6,8
0,8
5,8
-4,2
-13,9
-12,1
Taxa de investimento – FBCF/PIB (%)
20,5
20,6
20,7
20,9
19,9
17,8
15,5
Remuneração dos empregados/PIB (%)
41,6
42,2
42,8
43,2
43,5
44,6
44,7
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.
O valor adicionado da Indústria, por sua vez, caiu 4,6% em 2016 e acumula uma redução de 10,1% nos anos de 2015 e 2016. A atividade da indústria com maior queda foi a Construção (-10,0%), que acumula queda de 18,1% no biênio 2015-2016.
A atividade de Eletricidade, gás, água e esgoto cresceu 6,5% em 2016. Houve queda na produção de energia elétrica, mas o menor consumo intermediário da atividade teve mais peso no resultado final e o valor adicionado cresceu. Isso se deve ao recuo na geração de energia térmica, devido à maior incidência de chuvas em relação a 2015 e o aumento da geração de energia eólica.
O setor de Serviços caiu 2,3% e acumulou queda de 4,9%nos anos de 2015 e 2016. Dentro dos Serviços, as atividades de Comércio e de Transporte, armazenagem e correio foram as que mais contribuíram para esse resultado negativo. Em 2016, o Comércio foi a atividade com a segunda maior queda (-6,7%), sendo superada apenas pela Construção. Isto é explicado pela queda do consumo final e pela redução das margens de comercialização: de 31,2% em 2015 e 30,2% em 2016, segundo a Pesquisa Anual de Comércio.
Já a atividade de Transporte, armazenagem e correio apresentou redução de 5,6% no valor adicionado em 2016, precedida de outra queda de 4,3% em 2015.
Grupos de atividades
Participação no valor adicionado bruto a preços básicos (%)
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Total
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
01
Agropecuária
4,8
5,1
4,9
5,3
5,0
5,0
5,7
Indústria
27,4
27,2
26,0
24,9
23,8
22,5
21,2
02
Indústrias extrativas
3,3
4,4
4,5
4,2
3,7
2,1
1,0
03
Indústrias de transformação
15,0
13,9
12,6
12,3
12,0
12,2
12,5
04
Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos
2,8
2,7
2,4
2,0
1,9
2,4
2,7
05
Construção
6,3
6,3
6,5
6,4
6,2
5,7
5,1
Serviços
67,8
67,7
69,1
69,9
71,2
72,5
73,1
06
Comércio
12,6
12,9
13,4
13,5
13,6
13,3
12,9
07
Transporte, armazenagem e correio
4,3
4,4
4,5
4,5
4,6
4,4
4,4
08
Informação e comunicação
3,8
3,7
3,6
3,5
3,4
3,4
3,3
09
Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados
6,8
6,4
6,4
6,0
6,4
7,1
7,9
10
Atividades imobiliárias
8,3
8,4
8,8
9,2
9,3
9,7
9,7
11
Outras atividades de serviços
15,7
15,9
16,5
16,9
17,4
17,4
17,5
12
Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social
16,3
16,1
15,9
16,4
16,4
17,2
17,4
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.
Queda no consumo das famílias (-3,8%) foi o principal impacto negativo
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias que representa 62,8% do PIB, teve a segunda queda consecutiva, registrando -3,8%, em 2016, após registrar – 3,2%, em 2015. Por outro lado, a despesa de consumo final do governo cresceu 0,2% após uma queda de 1,4% em 2015.
A maior parte dos grupos de produtos e serviços que compõem as despesas do consumo final das famílias apresentaram variações negativas de volume em 2016. Dentre os que tiveram maior contribuição para a queda no consumo das famílias destacam-se os grupos transportes (-8,1%), alimentação e bebidas (-3,3%) e artigos de residência (-10,9%).
As despesas com alimentação e bebidas representaram 26,0% do consumo das famílias em 2016. A despesa com habitação representou 18,5% do total enquanto os dispêndios com transportes foram de 13,6%, seguido pelas despesas pessoais, 13,1%.
Formação bruta de capital fixo caiu 12,1% e totalizou R$ 973 bilhões em 2016
A formação bruta de capital fixo (FBCF), que é composta por construções, máquinas e equipamentos, produtos de propriedade intelectual e outros ativos fixos, somou R$ 973 bilhões. Sua variação em volume foi de -12,1%, e segue-se a outra queda, de 13,9%, em 2015. Com isso, a taxa de investimento (FBCF/PIB) em 2016 (15,5%) é a menor da série iniciada em 1995.
Em 2016, o setor externo contribuiu positivamente para o PIB. Como já havia ocorrido em 2015, as exportações apresentaram um aumento em volume de 0,9% – variação ainda positiva, embora menor do que o crescimento de 6,8% registrado no ano anterior. As importações de bens e serviços diminuíram 10,3% em volume, também uma queda menor que a registrada em 2015 (-14,2%).
A participação das remunerações no PIB permanece em ascensão (de 44,6% em 2015 para 44,7% em 2016) e também ocorreu um pequeno aumento nas participações do excedente operacional bruto (de 32,1%, em 2015 para 32,3% em 2016) e do rendimento misto (de 8,3% em 2015 para 8,4% em 2016).
Necessidade de financiamento da economia nacional teve redução de 49,4%
Em 2016, a necessidade líquida de financiamento da economia brasileira alcançou R$ 95,5 bilhões, registrando uma queda nominal significativa de 49,4% em relação ao ano anterior (R$ 188,7 bilhões). A diminuição da Necessidade de Financiamento entre os dois anos foi influenciada basicamente pelo desempenho do comércio exterior.
Enquanto as exportações de bens e serviços tiveram crescimento nominal de 1,0% em 2016 (R$ 773,5 bilhões em 2015 contra R$ 781,6 bilhões em 2016), as importações caíram 10,2% (de R$ 842,6 bilhões em 2015 para R$ 756,5 bilhões em 2016), devido à redução da atividade econômica.
Como consequência, o saldo externo de bens e serviços da economia brasileira evoluiu positivamente, passando de um déficit de R$ 69,1 bilhões, em 2015, para um superávit de R$ 25,1 bilhões em 2016. Além disso, houve um aumento no envio líquido de Renda de Propriedade para o resto do mundo, que passou de R$ 130,6 bilhões, em 2015, para R$ 131,7 bilhões em 2016.
Principais agregados macroeconômicos das Contas Nacionais
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
(milhão de reais)
(%)
(milhão de reais)
(%)
(milhão de reais)
(%)
(milhão de reais)
(%)
(milhão de reais)
(%)
(milhão de reais)
(%)
(milhão de reais)
(%)
Valor adicionado bruto
3.302.840
100,0
3.720.461
100,0
4.094.259
100,0
4.553.760
100,0
4.972.734
100,0
5.155.601
100,0
5.417.699
100,0
Empresas não financeiras
1.836.976
55,6
2.102.992
56,5
2.301.347
56,2
2.530.103
55,6
2.755.684
55,4
2.777.949
53,9
2.851.410
52,6
Empresas financeiras
222.761
6,7
237.620
6,4
258.358
6,3
270.196
5,9
316.339
6,4
362.977
7,0
423.445
7,8
Governo geral
537.845
16,3
598.059
16,1
652.101
15,9
746.187
16,4
816.808
16,4
885.587
17,2
945.121
17,5
Famílias
669.111
20,3
741.634
19,9
837.725
20,5
957.897
21,0
1.032.013
20,8
1.074.849
20,8
1.141.791
21,1
Instituições sem fins de lucro a serviço das famílias
36.147
1,1
40.156
1,1
44.728
1,1
49.377
1,1
51.890
1,0
54.239
1,1
55.932
1,0
Capacidade (+) /Necessidade (-) líquida de financiamento
-149.419
-142.789
-162.348
-179.029
-262.008
-188.741
-95.521
Empresas não financeiras
-150.394
-165.612
-158.183
-128.123
-60.744
-2.311
20.671
Empresas financeiras
82.622
99.284
72.893
90.228
102.849
155.192
161.417
Governo geral
-115.021
-111.114
-111.602
-176.420
-339.637
-464.731
-448.385
Famílias
33.356
34.618
34.513
35.212
35.275
122.965
170.421
Instituições sem fins de lucro a serviço das famílias
18
35
31
74
249
144
355
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.
Empresas não financeiras apresentam capacidade de financiamento pela primeira vez
Pela primeira vez na série do Sistema de Contas Nacionais do Brasil – referência 2010, o setor empresas não financeiras apresentou capacidade de financiamento (R$ 20,7 bilhões em 2016). O excedente operacional bruto do setor novamente apresentou crescimento inferior ao das remunerações dos empregados, mantendo a tendência de aumento da participação das remunerações em relação ao valor adicionado bruto. A poupança bruta, por sua vez, aprofundou sua trajetória de queda, passando de R$ 529,0 bilhões em 2015 para R$ 467,6 bilhões em 2016.
Valor adicionado bruto das empresas financeiras cresceu 16,7%
O valor adicionado bruto das empresas financeiras teve crescimento nominal de 16,7%em 2016 em relação a 2015, alcançando R$423,4 bilhões. A despeito da desaceleração da concessão de crédito, a produção dos serviços de intermediação financeira indiretamente medidos (SIFIM) – serviços ligados a concessão de crédito – teve aumento nominal de 18,2%, constituindo um dos fatores que contribuíram favoravelmente para o crescimento do VAB do setor. Uma das razões para isso, foi o aumento da Selic, que fechou o ano no patamar médio de 14,2% a.a, contra 13,5% a.a em 2015. Além disso, houve também um aumento de 6,7% na produção de serviços do sistema financeiro diretamente medidos – serviços associados ao pagamento de tarifas.
Valor Adicionado do governo cresce 6,7%
A produção do setor governo em 2016 atingiu R$ 1,293 trilhões, o consumo intermediário R$ 348,0 bilhões e o e valor adicionado bruto R$ 945,1 bilhões, o que representou 6,7% de crescimento nominal em relação a 2015. Deste modo a participação do setor no VAB da economia alcançou 17,4% contra 17,2% do ano anterior.
No lado dos recursos, a receita de impostos sobre a produção e a importação aumentou em 1,5% em termos nominais, o que levou a uma queda de 1,6 ponto percentual de participação no total das receitas de impostos e contribuições do governo.
Seguindo a tendência de 2015, a formação bruta de capital fixo do Governo Geral passou de R$ 136,1 bilhões em 2015 para R$ 121,2 bilhões em 2016, registrando uma queda, em termos nominais, de cerca de 10,9%. Todas as esferas de governo apresentaram queda, conforme reportado na publicação da Conta Intermediária de Governo.
O Governo Geral observou ainda redução na necessidade de financiamento, queda de R$ 464,7 bilhões em 2015 para R$ 448,4 bilhões em 2016, em razão da redução de 24,2% das despesas líquidas com juros.
Poupança das famílias aumenta 12,1%
A participação da remuneração na renda disponível das famílias apresentou trajetória crescente até 2011, registrando queda a partir de 2012 (65,2%), atingindo 63,7% em 2016. A renda consumida, ou seja, a parcela do consumo final das famílias na renda disponível, foi de 91,2% em 2014, caindo para 90,3% e 89,4%, em 2015 e 2016, respectivamente.
A trajetória da poupança, que corresponde à diferença entre a renda disponível e o consumo final das famílias, apresenta uma tendência inversa à da relação consumo final/renda disponível. Em 2016, a poupança das famílias aumentou, representando 12,1% da renda disponível. Houve também um expressivo crescimento de 13,0% dos benefícios sociais em espécie (aposentadorias, auxílio-doença, pensões e outros), em comparação ao aumento de 2,5% das contribuições sociais. Essa diferença teve uma contribuição importante no aumento, em termos nominais, de 38,6% na capacidade de financiamento das famílias.