Noites em claro, expediente aos sábados e domingos e 21 meses de trabalho nesse ritmo. Esse era o dia-a-dia da Assembleia Constituinte. O ex-secretário-geral da Mesa da Câmara Mozart Vianna trabalhou na Assembleia, na Secretaria de Ata. Ele conta que a ideia dos parlamentares era levar apenas um ano para elaborar a Constituição. Porém, não foi possível cumprir essa meta e o trabalho durou quase dois anos por conta de polêmicas e da intensa participação popular, que chegou a 12 milhões de pessoas, segundo as contas do presidente da Constituinte, Ulysses Guimarães.
— O país foi tomado por uma efervescência cívica — afirma Mozart.
Mozart descreve o embate entre a Comissão de Sistematização e o Plenário, que levou à formação do Centrão. Segundo ele, na Comissão predominavam forças de centro-esquerda e o primeiro texto que saiu de lá era parlamentarista. “Foi aí que a centro-direita percebeu essa dificuldade toda e reagiu”, formando o Centrão e derrotando o parlamentarismo, lembrou Mozart.
Segundo ele, o novo presidente que toma posse em 1º de janeiro de 2019 terá como desafio mudar o sentimento de desesperança no país atualmente, agravado pela crise econômica e pelo desemprego elevado. Mozart relata que, há 30 anos, o clima era de muito entusiasmo, recuperação das liberdades democráticas e de participação efetiva na elaboração do texto, com mais de dez mil pessoas circulando pelo Congresso Nacional todos os dias.
— O maior índice de jovens indo embora do país está sendo agora. E não é para passear não, indo embora de vez. O país precisa recuperar a energia, o entusiasmo, a crença nos bons valores — defende.
COMO ASSISTIR
Constituição 30 anos com Mozart Vianna
Estreia: Quinta, 29/11, 20h
Reprise: Sexta, 30/11, 8h e 13h
Como sintonizar: http://www.senado.leg.br/noticias/tv/comosintonizar.asp
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)