Notícias em jornais e na internet, denúncias nas redes sociais, fatos, fotos, provas, incriminações: esse têm sido o espelho da luta contra a violência contra mulher. A cada dia que passa, os números de agressões e de feminicídios crescem no Brasil, assim como a discussão e a luta de mulheres e de uma sociedade que tem visto o quão preocupante o cenário atual é. A produtora capixaba de conteúdo independente NAWEB Produções lançará em 2020 o seu primeiro produto, a websérie “Vidas Reversas” que tratará com uma linguagem diferente essa realidade.
A trama da websérie percorre as problemáticas sociais voltadas para os relacionamentos abusivos e a violência contra mulher, que decorre destes. Para isso, os idealizadores de “Vidas Reversas” e sócios da produtora, Giovanna Gomes, Jéssica Zanotelli e Marcelo Monteiro, escolheram o elenco de forma a constituir um núcleo mais maduro e um mais jovem, podendo demonstrar como os relacionamentos abusivos se manifestam nas diferentes fases dos relacionamentos de diferentes formas. Sendo assim, importante ressaltar que o abuso além do físico, pode ser, principalmente, psicológico.
A produção da websérie teve como intenção, além de provocar uma discussão aberta sobre o tema, utilizar o maior e mais eficaz veículo de comunicação para abordar o público, que é a internet, para alertar e ajudar pessoas que talvez enfrentem realidades como as da trama. “A nossa intenção foi, com esses temas, tentar fazer a nossa parte e alertar a sociedade ainda mais sobre o perigo que bate a nossa porta. Às vezes pessoas ao nosso redor estão passando por isso e não nos damos conta. Queríamos despertar esse discernimento pessoal e social”, explica Jéssica.
Ainda sem ter sido lançada nas plataformas digitais, a websérie foi indicada ao Rio WebFest 2019, festival internacional da websérie, na categoria “Incentivo à Produção Digital Brasileira”. Apesar de não terem levado o prêmio para casa, a indicação serviu como um sinal de que a produtora está no caminho certo.
“O assunto foi abordado de modo criterioso, visando mostrar as dificuldades intrínsecas deste tipo de relacionamento, focando as etapas em que se processa até que alcance o ápice e a percepção difícil do emaranhamento em que as pessoas se veem envoltas. Mostramos a dificuldade emocional, a desestrutura e o quanto de desequilíbrio individual e coletivo são gerados em função. Algumas cenas chocam, mas este choque é proposital para que o espectador possa vivenciá-las em paralelo aos personagens e assim sejam levados a refletir sobre seus próprios padrões de relacionamento. Pudemos perceber o resultado desse nosso trabalho na exibição no Rio WebFest. A plateia se calando e clima ficando tenso entre o público… acho que conseguimos o que queríamos”, conta Giovanna.
Ademais das problemáticas sociais em foco, a websérie também passa superficialmente sobre o assunto da homofobia. No elenco, a atriz Sammy Moreira, interpreta Débora, representando o preconceito sofrido por pessoas trans, principalmente, as mulheres trans, que enfrentam todas as formas de violência. “Sentimos que a hora era propícia para a abordagem. Tanta coisa a respeito acontecendo ao nosso redor e, mesmo assim, ainda não conseguimos falar e aprender sobre tudo. Há muita violência, não só contra a mulher mas também contra as pessoas trans. E, foi pensando nisso, que foi criado o enredo. Não podemos deixar esses assuntos se calarem e, talvez, através da arte na internet possamos chamar ainda mais atenção”, afirma Marcelo.
“Vidas Reversas”, estrelada por nomes como Priscilla Pugliese e Rodrigo Tardelli, encontra-se em processo de pós-produção e o lançamento oficial está previsto para o início do próximo ano. As expectativas são altas para websérie e segundo a equipe, ainda há muito a ser melhorado em questão de produção por ser o primeiro produto da NAWEB Produção, mas a mensagem da trama precisa sobressair.