O Boletim da Secretaria de Saúde (Sesau/RO) com dados sobre o Coronavírus (COVID-19/SARS-CoV-2) veiculado no final da última quarta-feira (10) é aterrador: são 42 mortes registradas em apenas 24 horas em Rondônia; 19 só em Porto Velho.
Isso, por si só, deveria encerrar a discussão sobre a volta às aulas na rede pública de ensino; deveria, ainda, fazer o governador Coronel Marcos Rocha, sem partido, voltar atrás sobre a liberação no ramo privado, ainda que facultativa.
Lembrando que o próprio secretário de Educação (Seduc/RO) Suamy Vivecananda Lacerda Abreu tachou eventual retorno às aulas de “ideia nazista de exermínio social”.
Lado outro, a semana foi de contraste.
No mesmo dia, o chefe do Executivo concedeu entrevista à Rádio Bandeirantes tratando as consequências da pandemia, especialmente os óbitos, diga-se de passagem, com certo desdém.
Na visão dele, a mortalidade ainda é baixa se a taxa regional for comparada a outras unidades da federação. Isto pela manhã.
À noite, ainda na mesma terça-feira (09), manchete no Jornal Nacional anuncia o colapso nos meandros sanitários regidos por Fernando Máximo, escolhido por Rocha para gerenciar o setor desde o início do mandato.
Entre o dito pelo mandatário do Palácio Rio Madeira ao apresentador José Luiz Datena e os dados expostos pelo principal noticiário da Rede Globo há uma discrepância gritante que precisa ser explicada.
No telejornal guiado por William Bonner e Renata Vasconcellos as informações sacramentam: Rondônia conserva média de mortes mais alta que a nacional.
E ainda que o governador queira depositar exclusivamente na conta da população o fato de esta ter participado de festas de Réveillon, falta pulso à administração na hora de admoestá-la quando necessário.
Já foi dito por este mesmo jornal eletrônico Rondônia Dinâmica e é preciso reforçar: quando se perde o respeito, oras, para recuperá-lo, é bem difícil, quase impossível. Eixo significativo da sociedade parece enxergar Marcos Rocha como um banana, figura decorativa, temporária, fácil de driblar, de passar por cima de suas deliberações, porque, sabe, no fundo, que nada acontecerá independentemente das atitudes desencadeadas, erradas ou não, ilegais ou não, incorretas ou não.
O receio de tomar decisões impopulares acabou permeando o alto escalão, incluindo aí o chefão-mor, criando essa ilusão de impunidade, que, infelizmente, acaba sendo letal até – e especialmente –, a quem resolveu se cuidar.
Hoje, o cômputo total de vidas perdidas chega à marca dos 2.433 seres humanos, isto já incluindo as últimas 42 mortes das 24h antecedentes.
Parênteses
Quando este veículo de comunicação aborda o assunto incomoda os negacionistas, gente que acha ruim a liberdade de expressão e se sente no direito de tentar frear a linha editorial.
Contra isso, sugerimos a veia neoliberal que essa fatia ínfima e hidrófoba de leitores intenciona impor à comunicação independente: se querem mesmo decidir o que será publicado ou não, abram seus próprios jornais, paguem seus impostos, banquem os funcionários e aí definam a qualidade de suas veiculações.
Voltando
Imprescindível, portanto, que Marcos Rocha seja mais governador e menos pastor. O personagem pode fazer efeito a alguns bajuladores mais próximos e cidadãos ligados direta ou indiretamente ao Governo do Estado.
Só que no mundo real, na prática, o empirismo deixa claro que essa pregação toda é manobra vã de desvio de foco. As pessoas estão morrendo em profusão e é preciso que decisões enérgicas sejam tomadas.
Porque por enquanto, assumindo ou não a culpa, fazendo ou não a autocrítica, parte dessa responsabilidade está, sim, nas mãos dos operadores em todos os organismos de Poder do Palácio Rio Madeira.
Em suma, por exemplo, fazer com que as aulas sejam retomadas é transformar crianças e adolescentes em potenciais vetores da COVID-19, colocando em risco todos os que convivem com eles. Todos, sem exceção.
Deixar como está é o que a maioria deseja? Provavelmente não. Porém, frisando de novo, um estadista precisa tomar eventualmente decisões que contrariem as concepções majoritárias sob pena de fracassar em sua incumbência principal, que é, sobretudo, proteger a população regida pela sua gestão.
Fonte: Rondoniadinamica