Os hospitais particulares de elite de São Paulo operam com taxas de ocupação superiores a 90% nos leitos de enfermaria e de UTI, considerando as alas Covid-19 e de outras doenças. A alta está associada aos efeitos das aglomerações das festas de fim de ano e há preocupação com as consequências do Carnaval, afirmaram médicos e especialistas ao jornal O Estado de S. Paulo .
De acordo com os dados coletados pelo Estadão , no Hospital Israelita Albert Einstein, a taxa total de ocupação é de 99% nesta quinta-feira, 25 e, no Sírio-Libanês, é de 96%. No Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a taxa de ocupação de UTI para Covid está em 91%. Na Beneficência Portuguesa, a taxa de ocupação dos leitos de internação para infectados pelo vírus estava em 94% na quarta-feira, 24, e era 95,74% nas UTIs. Na quinta, a taxa de ocupação nos leitos de UTI e enfermaria dedicados à doença no HCor é de 85% e a ocupação total, 86%.
Apesar da situação, isso não significa que os hospitais vão deixar de receber novos casos em breve. No entanto, as taxas têm se mantido elevadas nas últimas semanas. No Einstein, nesta quinta, havia 123 internados com covid, dos quais 65 na UTI. Nesta quarta, 24, eram 127 internações (55 na UTI). Mas o número veio aumentando nos últimos dias. O balanço do último dia 17 apontava 120 internações, das quais 47 eram em UTI.
“Quando enfrentamos a pandemia na primeira onda, suspendeu o atendimento das outras especialidades. As pessoas ficaram quase um ano sem se tratar, mas nosso ambulatório de consultórios voltou à atividade plena, retomou-se o agendamento de cirurgias importantes”, diz Fernando Torelly, superintendente corporativo e CEO do HCor. Segundo Torelly, agora a situação é “complexa e administrável”, mas é incerta ao mesmo tempo.
Um levantamento preliminar do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo com amostra de 60 hospitais privados (16% das unidades da rede particular que atendem covid), apurou que 72% dos hospitais paulistas têm ocupação que varia de 80% a 100% dos leitos de UTI. A pesquisa completa termina no fim da semana. No entanto, o estudo destaca que dois terços dos hospitais dizem ter capacidade de aumentar o número de leitos disponíveis, caso for preciso.
Para Francisco Ballestrin, presidente do SindHosp, a manutenção de cirurgias e atendimentos eletivos (não urgentes) indica que, por ora, “existe a possibilidade de manter com cautela essa assistência”. Ainda de acordo com ele, o adiamento desses procedimentos pode trazer “gravíssimas consequências no agravamento de doenças, especialmente as crônicas como câncer e as cardiovasculares e pode contribuir para o aumento de mortes”.
Torelly também reforçou a importância da colaboração da população para evitar uma situação ainda mais agravante. “Temos estrutura hospitalar ativa e dando conta, mas não pode acontecer de ter convívio social mais liberado. Não podemos perder o medo e o respeito pelo vírus. Tem de manter as medidas de proteção para efetivamente ganhar mais tempo com a vacinação”, alerta.
“São 250 mil mortos. Não dá para aglomerar, não usar máscara. Ainda é uma realidade de enfrentamento da maior pandemia da nossa geração”, acrescenta.
Na quarta-feira (24), o governador de São Paulo João Doria (PSDB) anunciou nova restrição de circulação em todo o estado, das 23 horas às 5 horas, para conter o avanço da Covid-19 no estado. No entanto, os especialistas ouvidos pelo Estadão consideraram as medidas brandas e confusas. Nesta quarta, a taxa de ocupação de leitos de UTI era de 69% no estado, com média de 69,3% na Grande São Paulo.
Fonte:IG