O teste do pezinho é um exame obrigatório, realizado em todos os recém-nascidos. O nome se tornou popular, dado à coleta de sangue no calcanhar, para a identificação precoce de doenças metabólicas, genéticas e infecciosas que, quando tratadas precocemente, possibilitam o desenvolvimento físico e mental adequado às crianças.
O Dia Nacional do Teste do Pezinho teve a data de 6 de junho instituída pela Lei nº 11.605/2.007, que objetiva informar à população os objetivos do Programa Nacional de Triagem Neonatal, a importância da realização do teste e sua obrigatoriedade para todos os recém-nascidos.
Este programa foi criado para a prevenção de complicações e sintomas das doenças investigadas e que não apresentam sintomas no período neonatal (0 à 28 dias de vida), podendo levar a deficiência mental ou afetar gravemente a saúde da criança. Tratadas a tempo, a chance de que a doença não deixe sequelas é muito grande, melhorando a qualidade de vida dos casos confirmados e tratados.
A médica pediatra e coordenadora da UTI Neonatal do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, em Porto Velho, Drª. Lucia Maiorquin, relata os procedimentos que são feitos para a realização do teste do pezinho.
“O teste é preconizado e obrigatório por lei, pelo Ministério da Saúde. Todo recém-nascido tem a obrigatoriedade de fazer esse teste, sendo a coleta ideal entre o terceiro e quinto dia de vida, afim de que o diagnóstico seja o mais precoce possível”, explica Lúcia.
Lúcia argumenta que a ideia do exame é fazer o diagnóstico precocemente. “O teste deve ser feito entre o 3º e o 5º dia de nascido, pois existem doenças que podem se manifestar com até 30 dias de vida e quanto antes o diagnóstico, mais precoce será iniciado o tratamento nas crianças, evitando assim, situações mais graves”.
Ainda, a pediatra afirma que o teste do pezinho é não é um teste de diagnóstico, mas sim, um teste de triagem. “Por meio do sangue do bebê, é feita a análise de pelo menos seis doenças, que estarão ligadas com o metabolismo de algumas substâncias, relacionadas com doenças do sangue, como a anemia falciforme e outras doenças genéticas”.
“Quando as doenças não são diagnosticadas, podem levar a alterações no desenvolvimento da criança, como retardo mental e inclusive, levar a óbito. Com o diagnóstico sendo feito, conseguimos intervir e iniciar o tratamento, melhorando a qualidade de vida dessas crianças”, ressalta a médica.
Quando é detectado alguma doença na criança por meio do exame, dependendo do caso, há a necessidade de transplante, existindo a possibilidade de melhoras na qualidade de vida. A médica diz que com isso, “é gerada uma economia no SUS, pois o custo do tratamento de uma doença crônica em uma criança é alto e fazendo o diagnóstico precoce, desde o início, facilita o tratamento”.
Lúcia Maiorquin pontuou que o Sistema Único de Saúde (SUS) preconizava apenas seis doenças, como: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. “Entretanto, existem mais doenças que podem ser detectadas por meio do teste do pezinho, mas as famílias teriam que pagar para fazer um teste ampliado, para a detecção de até 53 doenças”.
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro sancionou o Projeto de Lei nº 5043/2020, e instituiu a Lei nº 14.154, de 26 de maio de 2021, que amplia o número de doenças detectáveis no teste do pezinho, para até 53 doenças, com a medida sendo implementada de forma escalonada. As unidades de saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), tem 365 dias após a publicação da lei, para se adaptar ao novo modelo de teste ampliado.
Dentro desse período, a ideia do SUS é criar projetos-pilotos pelo país, para implementar, monitorar e avaliar a execução do novo modelo do teste do pezinho, incluindo a capacitação dos profissionais de saúde.
Entre as triagens que passarão a ser feitas, estão a Atrofia Muscular Espinhal (AME), além de doenças relacionadas a imunodeficiências primárias e hipotireoidismo congênito.
Em Porto Velho, o teste do pezinho geralmente é feito nas unidades de saúde, por meio de convênio com o SUS, preferencialmente entre o terceiro e o quinto dia de vida, pois nesse período, a criança estará exposta e existe doenças metabólicas que precisam de alimentação para serem desencadeadas.
A pediatra diz que a partir do momento em que o teste do pezinho é feito e uma doença é detectada, a criança é reconvocada para uma nova coleta e fechar o diagnóstico, seja positivo ou negativo. “Quando positivo, dependendo da patologia, é instituído de imediato um tipo de tratamento a ser feito”.
“Geralmente, os recém-nascidos nascem sem nenhum tipo de sintoma. Por isso, o teste do pezinho é importante para detectar patologias precoces, a intervenção por meio de tratamento, promovendo a qualidade de vida nessas crianças”, finaliza a médica.