Está cada vez mais constante aparecerem textos citando “crianças atípicas”. Porém, para pessoas leigas, esse termo pode ficar vago.
E, claro, só quem vivencia as lutas Brasil afora sabe do que está falando. E um desses casos é o “MARIAS – Comissão de Mães Atípicas”, de Porto Velho (RO).
Para saber mais sobre o assunto, conversarmos com uma das representantes, Suzane Samara Amaral de Lima, que fala sobre o projeto e todas as etapas para quem encara essa realidade dia após dia.
Confira!
Do que se trata as MARIAS – Comissão “Mães Atípicas”?
Suzane – As MARIAS – Comissão de Mães Atípicas é um grupo de mães atípicas formado com o intuito de alinhar as necessidade da comunidade atípica, principalmente em torno do direito à saúde, educação, tratamento digno (com práticas baseadas em evidências) e acolhimento materno.
O termo “criança atípica” está sendo bastante usado, mas pouco explicado. Afinal, o que é uma criança atípica?
Suzane – Criança atípica é aquela que tem algum transtorno de neurodesenvolvimento. Surge como uma contraposição ao termo normal/anormal.
Afinal, quando tomamos consciência que cada ser é único, este termo cai em desuso e para substitui-lo, preferimos a utilização do atípico (nem melhor e nem pior, apenas diferente) .
Hoje quantas pessoas fazem parte das MARIAS e quais os feitos, até então, que você destaca como as principais realizações?
Suzane – Temos aproximadamente 200 integrantes do grupo MARIAS, sendo nossas principais ações o empoderamento materno através do conhecimento, como, por exemplo, nossa jornada de capacitação que ocorrerá em todos os sábados de outubro com profissionais qualificados em autismo, que gentilmente concederam palestras gratuitas para incentivar a estimulação das crianças em casa.
Também temos o acolhimento das mães atípicas, com destaque para as mães que ainda estão em processo de investigação do autismo .
Além disso, nosso objetivo é a implementação das políticas públicas sociais. Aqui destacamos a luta pela prioridade da vacinação da Covid -19 e a carteirinha do autista, que em breve estará implementada.
Aproveitamos a oportunidade para deixamos nosso agradecimento pela parceria contínua do Instituto Cuidar e Desenvolver.
Como parte da comissão, quais os planos e objetivos não só para agora, mas futuros são visados por esse projeto?
Suzane – Embora muito nova, as MARIAS fecharam 2020 com muitas conquistas. Então, planejamos um 2022 de solidificação, de construção de pontes com o Poder Público. Além disso , pretendemos lutar pelo retorno dos atendimentos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), pela liberação da terapia ABA (Applied Behavior Analysis) pelos planos de saúde, pela implementação de profissionais qualificados para serem cuidadores das crianças pessoas com deficiência, pela moradia assistida, dentre outras pautas que vão surgindo com o fortalecimento das famílias atípicas.
Quem quiser fazer parte, como deve proceder?
Suzane – Para fazer parte das MARIAS é simples: basta ser mãe atípica, avó atípica, tia atípica… Nosso foco é o universo feminino.
Em sua grande maioria são as mulheres que cuidam e estimulam as crianças em casa . A sobrecarga materna é inquestionável. As MARIAS surgiram como o objetivo de unir as mães em prol da causa, essa transformação social.
É um grupo de mãe para mãe, que luta diariamente para que nossos filhos sejam vistos, aceitos, respeitados e incluídos. Não há mais margem para o silenciamento social. Lutaremos por todos os direitos. Esse é o objeto principal das MARIAS.
Para saber mais, acesse @mariascomissaodemaesatipicas.