Desde que desembarcou no Brasil, a Black Friday tem se firmado como uma tradição do comércio nacional, e ano após anos bate recordes de consumo. Recentemente, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) liberou um relatório, apontando que a Black Friday foi a responsável por um aumento enorme na utilização de cartões para as compras no período.
O estudo demonstrou que as negociações utilizando cartões de débito, crédito e pré-pago ultrapassaram a casa dos R$ 28 bilhões somente na Black Friday de 2021, um aumento de aproximadamente 22% em relação ao ano anterior.
Ademais, os cartões ainda foram utilizados cerca de 30% mais em compras não presenciais, como as realizadas em aplicativos de lojas e sites. O relatório ainda aponta que levou em consideração apenas os dados colhidos nos dias 25 e 26 de novembro.
Com isso, a pesquisa demonstra que os hábitos de compras do brasileiro durante o período da crise sanitária vieram para ficar, principalmente quando o assunto são vendas online. Hoje em dia, aproximadamente 35% dos gastos no cartão de crédito são de pagamentos não presenciais. Esse crescimento está em conformidade com a maior utilização desse método de pagamento e constante desuso do dinheiro físico. Sendo que atualmente há até mesmo casas de apostas que aceitam cartão de crédito, já que este é um método de pagamento rápido e prático. As operadoras de palpites ainda disponibilizam promoções para que os usuários testem seus serviços a um baixo custo.
Abaixo das expectativas dos especialistas
Mesmo com um crescimento nas vendas através dos cartões, a Black Friday de 2021 movimentou menos dinheiro do que o esperado por vários especialistas. Segundo um levantamento da Neotrust, que foi produzido entre os dias 25 e 26, para verificar as compras via e-commerce, o faturamento total do varejo não ultrapassou os R$ 5,4 bilhões. E se for levado em consideração apenas o montante arrecadado no dia 26, esse valor chegou somente aos US$ 4 bilhões, o que representa um pequeno aumento de 4,5% se comparado ao ano anterior.
A expectativa era que esse aumento ficasse entre os 6% e 10%. Sendo que, em pedidos, a edição de 2021 alcançou um volume de 7,6 milhões, 0,5% inferior ao ano passado, e o valor médio das compras ficou na casa dos R$ 711,38.
Notificação do Procon
No Brasil, infelizmente a Black Friday tomou um teor pejorativo, não à toa, onde as pessoas passaram a conhecer o evento com uma oportunidade de conseguir falsos descontos e/ou promoções, por conta disso, passaram a chamá-la de “Black Fraude”. E a cada dia surgem notícias que sustentam essa ideia.
Na segunda-feira (13), o Procon do Rio de Janeiro notificou varejistas como as Americanas, Philips e Amazon por irregularidades nas ofertas durante a data em novembro. Para tal, o órgão realizou pesquisas de preços e promoções dos itens mais desejados durante a Black Friday, e os fiscais do Procon encontraram irregularidades nas três empresas citadas. Agora, as companhias têm 15 dias para apresentarem suas justificativas, ou podem ser multadas em até R$ 10 milhões, a depender do caso. A Amazon por exemplo, tinha a oferta de uma Smart TV Samsung anunciada por R$ 16.799, mas anteriormente, o mesmo aparelho era vendido por R$ 8.559, assim como um notebook LG que no dia do evento era comercializado por R$ 13.599, mas que há pouco tempo era anunciado por R$ 8.799. Diante dessas evidências, o Procon-RJ aponta que o consumidor é atraído de maneira enganosa para uma promoção inexistente.