A pandemia teve impacto direto na realização de exames de rastreamento do câncer de mama. Em 2020, o número de mamografias realizadas caiu 40%; em 2021, a queda foi de 18%. O alerta foi dado pela representante da Sociedade Brasileira de Oncologia Luciana Landeiro em audiência pública na terça-feira (18) realizada pela Procuradoria da Mulher da Câmara dos Deputados.
Luciana Landeiro acrescentou que o fato de mulheres com menos de 50 anos não estarem na recomendação do Ministério da Saúde para a realização da mamografia deixa de fora os casos de câncer de mama diagnosticados em pacientes entre 40 e 50 anos (25%) e em mulheres com menos de 40 anos (17%).
A representante do Instituto do Câncer Liz Maria de Almeida afirmou que a recomendação da mamografia acima dos 50 anos prevista na Política Nacional de Prevenção ao Câncer se deve ao fato de que nessa faixa etária o exame é mais eficaz na prevenção da mortalidade.
Liz Maria afirmou que o Brasil precisa adotar o rastreamento organizado ao invés do rastreamento oportunista, que é quando alguém procura o serviço de saúde para então realizar seus exames. Ela explica que, no rastreamento organizado, existe um cadastro da população na clínica da família, mesmo se a pessoa tiver acesso a plano de saúde.
“Todas as pessoas tem que estar cadastradas, esse cadastro tem que ser sempre atualizado e essas pessoas tem que receber uma comunicação: tá na época de fazer seu exame. Ela recebe essa comunicação para que ela se dirija a um determinado posto, alguma unidade de saúde próxima da casa dela e possa realizar esse exame”, explica.
O representante da Femama Ricardo Caponero destacou que, após o represamento de exames e do tratamento de pacientes durante a pandemia, é preciso investir mais recursos para que os atendimentos sejam realizados dentro do prazo determinado pela legislação.
Cortes
A deputada Vivi Reis (Psol-PA) alertou para o fato de que o atendimento aos pacientes está sendo prejudicado pelos sucessivos cortes realizados pelo atual governo na área de saúde.
“Muito importante a gente falar do financiamento do SUS num contexto de um teto de gastos que atinge diretamente a questão do financiamento do SUS e do Suas (Sistema Único de Assistência Social). Muitas mulheres necessitam das políticas de assistência para poder cuidar da sua saúde e sustentar suas famílias. É um conjunto de políticas prejudicados pelo teto de gastos.”
A representante do Instituto Oncoguia Helena Esteves pediu ao Ministério da Saúde que agilize a compra dos inibidores de ciclina (usados na saúde suplementar para o tratamento de pacientes adultas com câncer de mama avançado ou metastático), aprovados há mais de seis meses pela Conitec, órgão que aprova novos medicamentos para o SUS.
O governo tem prazo de seis meses para adquirir e disponibilizar esses medicamentos para a população.