A Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados homenageou nesta quarta-feira (10) a roqueira Rita Lee e o ex-deputado David Miranda, que morreram nesta terça-feira. Rita, que enfrentava um câncer de pulmão, tinha 75 anos de idade, em São Paulo, na segunda-feira (8). Na Câmara, ela ganhou um “manifesto cultural”, com músicas interpretadas por Mel di Souza, na voz, e Walter Muganga, no violão.
O presidente da Comissão de Cultura, deputado Marcelo Queiroz (PP-RJ), ressaltou a relevância artística de Rita Lee. “Sua obra deixou um legado inestimável para a cultura do nosso País, inspirando gerações de artistas e encantando milhões de fãs ao longo dos anos. Além de ser grande artista, Rita Lee também foi figura engajada em diversas causas: sua defesa dos direitos humanos, da causa animal, da igualdade e da preservação do meio ambiente serviu de inspiração para muitos e é um exemplo a ser seguido”, lembrou.
Queiroz também destacou a luta do ex-deputado David Miranda por liberdade de expressão e pelos direitos LGBTQIA+. Miranda morreu no Rio de Janeiro, depois de nove meses internado para tratamento de infecção gastrointestinal. Ele tinha 37 anos de idade e integrou a Comissão de Cultura na legislatura passada, defendendo propostas de apoio ao cinema e à diversidade cultural. O deputado Tarcísio Motta (Psol-RJ) lamentou a perda do ex-colega de partido, com quem havia atuado na Câmara Municipal do Rio.
“David certamente estaria aqui dançando ao som de Rita Lee, mas, infelizmente, uma doença o levou tão antes do que nós todos e a família esperávamos. Que a gente possa lembrar com muito carinho o que David era: uma pessoa com muita coragem, muita firmeza e, ao mesmo tempo, muita alegria”, disse.
Durante o manifesto cultural, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) ajudou a relembrar um pouco da vida e da obra de Rita Lee. “Uma mulher que nasceu na década de 40 e que estava sempre à frente de seu tempo. Criou lutas feministas e lutas, com a sua arte, contra a ditadura: ela foi censurada também”.
Em pleno Movimento Tropicalista do fim dos anos 60, Rita Lee integrou a banda Os Mutantes e participou, com Caetano Veloso, da histórica apresentação da música “É proibido proibir” em um festival musical. A carreira solo começou no início dos anos 60. Logo, ela ganharia o título de “rainha do rock”, ou de “padroeira da liberdade”, como ela revelou preferir ser chamada em entrevista à revista Rolling Stone.
“Ela foi chamada de rainha do rock não por acaso, porque o rock é irreverência, ousadia e perda de paradigmas e de parâmetros. Rita Lee iniciou nos Mutantes – de onde ela foi expulsa, inclusive – e depois, em carreira solo, marcou com muitas músicas”, disse Feghali.
A deputada também citou outros ativismos e experiências artísticas de Rita Lee. “Ela tinha uma escrita fantástica não só de livros infantis (“Dr. Alex”, “Amiga ursa: uma história triste, mas com final feliz” etc.), mas de livros autobiográficos também (“Rita Lee: uma autobiografia” e “Outra autobiografia”), onde ela contava, sem nenhum limite, o que ela vivenciou, inclusive de violência contra ela própria”.
Rita Lee lançou cerca de 40 álbuns. Ganhou dois prêmios Grammy Latino: pelo melhor álbum de rock em 2021 (“3001”) e pelo conjunto da obra, em 2022. Casada com o multi-instrumentista Roberto de Carvalho, a “rainha do rock” deixou três filhos: Beto, João e Antônio Lee.