Integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos antidemocráticos de 8 de Janeiro rejeitaram, por 14 votos a 10, a convocação de comandantes da Força Nacional.
Em entrevista coletiva antes da reunião desta terça-feira (3), o presidente do colegiado, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), havia defendido um acordo para ouvir o comando da Força Nacional à época dos ataques à Praça dos Três Poderes. Ele achava importante que os comandantes dessem seu depoimento, já que, em várias reuniões, deputados e senadores de oposição têm criticado a atuação da corporação durante os ataques em janeiro.
O deputado Delegado Ramagem (PL-RJ) também defendia a convocação. Ele queria saber por que os sete batalhões que estavam a postos em 8 de janeiro não auxiliaram as demais forças de segurança a conterem os manifestantes.
Já a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) reclamou que, de acordo com o regimento, a pauta de votação deveria ter sido disponibilizada com 48 horas de antecedência e defendeu que outros requerimentos fossem colocados em pauta.
Braga Neto
Além da Força Nacional, a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), cobrou o depoimento do general Walter Braga Neto, ex-ministro da Defesa do governo de Jair Bolsonaro. Esse depoimento estava marcado para a próxima quinta-feira (5), mas foi adiado.
A relatora confirmou que apresentará seu parecer no dia 17 e afirmou que acha difícil que os trabalhos da comissão sejam prorrogados.
Contribuição para a democracia
Na entrevista coletiva, Arthur Maia disse que a CPMI deu uma contribuição importante para o processo democrático brasileiro. “O grande mérito foi mostrar para o Brasil – para que cada um tivesse a possibilidade de tirar suas conclusões – o que aconteceu em 8 de janeiro.”
Ele classificou os ataques como fatos gravíssimos e ressaltou que a investigação sobre os episódios de 8 de janeiro não poderia ficar restrita ao processo do Supremo Tribunal Federal, ao qual nem todos têm acesso.
Depoimento desta terça
A CPMI ouve, nesta terça-feira, Argino Bedin, empresário no Mato Grosso acusado de financiar golpes antidemocráticos. O empresário entrou com habeas corpus no STF para não comparecer à CPMI, mas o ministro Dias Toffoli só permitiu que ele não respondesse a perguntas que o incriminassem.
A comissão continua reunida no plenário 2 da ala Nilo Coelho, no Senado.
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