Com um sorriso animado e algumas poucas palavras na lÃngua Tsain Cady Jaminawa, a senhora Maria LuÃza, de 88 anos, ficou feliz com o recebimento da nova rede de balanço entregue pelo governo do Acre em um dos abrigos de acolhimento à s pessoas atingidas pela cheia em Santa Rosa do Purus, no interior do estado.
Dona Maria LuÃza e o filho Alisson Luiz Jaminawa estão abrigados em uma escola do municÃpio após serem atingidos pela cheia que assola a cidade: “Eu cuido dela. Estamos os dois alojados aqui e estamos sendo atendidos”, expressou o filho.

Assim como dona Maria LuÃza e o filho, famÃlias inteiras das etnias Jaminawa, Kulina/Madijá e Huni Kuin/Kaxinawá estão recebendo suprimentos com redes, mosqueteiros, fraldas descartáveis e alimentos enviados pelo governo do Acre. A entrega dos insumos faz parte de uma ação humanitária da Companhia de Armazéns Gerais e Entrepostos do Acre (Cageacre) e das secretarias de Estado da Casa Civil, de Povos IndÃgenas (Sepi), de Meio Ambiente (Sema) e de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH).

Ao todo, seis abrigos acolhem a população atingida pela cheia desde o último sábado, 24. âNão é a primeira vez que passamos pela cheia. Estamos tranquilos, mas passamos por dificuldadesâ, explicou Alberto Kaxinawá. âà o quarto dia que estamos no abrigo. Somos seres humanos e precisamos de ajudaâ, acrescentou Rodolfo Pinheiro Kaxinawá, no momento da entrega dos suprimentos.

Cerca de 78% da população de Santa Rosa do Purus é composta por povos indÃgenas, segundo dados da Assistência Social do MunicÃpio. Com 6.732 habitantes, a cidade é cerceada pelo Rio Purus, que bateu recorde de cheia ao atingir a marca de 11,12 m nesta segunda-feira, 26.
Nas primeiras horas da manhã desta terça-feira, 27, o rio apresentou redução para 10,95 m, no entanto, o nÃvel das águas permanece acima da cota de transbordamento de 9 m. A cheia já é a maior da história da cidade e ultrapassou a última grande enchente que registrou 10,13 m, em 2021.

Segundo o Corpo de Bombeiros Militar, a régua de medição do nÃvel do rio chegou a ser totalmente coberta pelas águas, sendo necessária medição via satélite. Com a baixa das águas, a régua voltou a ser utilizada, mas o monitoramento segue sendo feito com cautela. Ainda de acordo com dados da corporação, 521 pessoas estão desabrigadas, 960 estão desalojadas, e cerca de 1.495 pessoas precisaram de atendimento durante a inundação.
Visitas às áreas alagadas
Após a entrega de suprimentos, o representante do governo do Estado em Santa Rosa do Purus, Pádua Cunha, e o prefeito do municÃpio, Tamir de Sá, percorreram áreas alagadas na zona urbana da cidade e nas aldeias indÃgenas Minas Gerais e Estirão.

âà uma situação comovente. Eu abracei [a causa] com o coração para dar o apoio, ajudar e fazer o possÃvel para que as famÃlias sejam todas bem recebidas e bem tratadasâ, destacou o prefeito.
Apoio aos Povos IndÃgenas
No domingo, 25, o governo do Acre reuniu equipes para elaborar plano estratégico de apoio aos povos atingidos pela cheia. Segundo levantamento do Distrito Sanitário Especial IndÃgena (DSEI) Alto Rio Purus, 23 aldeias foram afetadas pela cheia dos rios Iaco, Purus e igarapés da região.

Em Santa Rosa do Purus, comunidades inteiras tiveram as estruturas das residências e do plantio de macaxeira, banana e outras árvores frutÃferas prejudicadas com a elevação do nÃvel das águas. Para amenizar as dificuldades, o Estado continua com ações de apoio aos municÃpios atingidos.
A secretária de Estado dos Povos IndÃgenas (Sepi), Francisca Arara, informou que a secretaria dará continuidade ao envio de suprimentos para Santa Rosa do Purus, e também para os municÃpios do Jordão, Marechal Thaumaturgo e Assis Brasil. âA nossa entrega já é vendo o agora e o pós [pós-cheia]â, detalhou a gestora da Sepi.