A Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM 2023), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última quinta-feira,19, mostrou um aumento de 12,4% no que diz respeito ao valor da produção dos principais itens da pecuária, chegando a R$ 156 milhões em 2023. O levantamento também traz informações sobre os produtos de origem animal, que atingiram R$ 121 milhões, tendo uma alta de 14,5% em relação a 2022, e os itens da aquicultura foram responsáveis por R$ 35 milhões, registrando um aumento de 5,9%.
Outro ponto do levantamento foi com relação ao rebanho do estado, que atingiu 8.018.079 cabeças, representando crescimento de 4,9%. Os rebanhos bovino e galináceo representam mais de 95% desse valor total. Além destes que aparecem em primeiro lugar no ranking, também são contabilizados suínos, equinos, ovinos, caprinos e bubalinos. Os números são divulgados anualmente, e esta última publicação leva em consideração os dados de 2023.
A capital concentra mais da metade desses animais, com 4,9 milhões de cabeças. “Os cinco principais municípios com rebanho bovinos são: Rio Branco, Sena Madureira, Senador Guiomard, Porto Acre e Brasileia, sendo que 53% do rebanho se concentra no Baixo Acre. Já os cinco principais municípios com rebanho galináceos são: Senador Guiomard, Brasileia, Rio Branco, Epitaciolândia e Cruzeiro do Sul, sendo que 38% desse tipo de rebanho está no Baixo Acre e 28% no Alto Acre”, salienta a pesquisa.
Em 2023 a produção de origem animal gerou R$ 121 milhões, crescimento de 14,5%, sendo que os principais produtos responsáveis foram o leite (R$ 63 milhões) e ovos de galinha (R$ 57,3 milhões), respondendo por 99,4% do valor de produção. A produção de leite, por exemplo, teve alta de 1,8% e chegou a 35,7 milhões de litros.
Os cinco principais municípios com produção de leite são: Acrelândia, Plácido de Castro, Senador Guiomard, Epitaciolândia e Tarauacá. Dessa produção, 54% está no Baixo Acre, lista a publicação. Quanto aos galináceos, o total no estado é de 2,7 milhões de cabeças. O rebanho de suínos apresentou aumento de 1,5% e chegou a 159,6 mil animais. Quanto à produção de ovos de galinha, Senador Guiomard responde por 69% (R$ 5,2 milhões), e Cruzeiro do Sul (R$ 798 mil), 10%.
A despesa do peixe criado em cativeiro (piscicultura) totalizou em 2023 cerca de 2,5 mil toneladas. Isto representa uma queda de 3% em relação a 2022. O valor de produção teve aumento, 5,9%, representando R$ 35 milhões.
Ambiente sanitariamente seguro
O Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Acre (Idaf) tem a missão de garantir produção animal e vegetal no estado do Acre, com padrões de qualidade sanitária assegurando a saúde pública e a efetiva participação no mercado. A diretoria técnica destaca algumas medidas que acabam impactando diretamente nesses indicadores, como:
– Realização do 1° concurso público para o instituto, com chamamento de pouco mais de 100 servidores;
– Reestruturação física da sede e unidades locais de defesa agropecuária no estado;
– Atualização da Lei Estadual de Defesa Agropecuária, pós Zona Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação, reconhecido internacionalmente;
– Aquisição de frotas – carros, motocicletas, quadriciclos, barcos etc. – novas para execução das ações do instituto;
– Construção de novo Sistema de Defesa Agropecuária e Florestal (Sisdaf).
– Educação sanitária continuada junto à sociedade, o que aumenta a confiança no instituto e, no momento que um animal estiver doente, eles irão procurar o Idaf.
“Foram criadas, por intermédio do Decreto nº 11.306, de 17 de agosto de 2023, normas sanitárias para a inspeção, fiscalização e diretrizes relacionadas à produção e comercialização de produtos e subprodutos de origem animal, elaborados de forma artesanal, provenientes de produtores rurais, cooperativas e estabelecimentos agroindustriais de pequeno porte, dentro do âmbito do estado do Acre, e o selo D’Colônia. Dentre os produtos de origem animal que são englobados no selo D’Colônia, está o pescado. Esse serviço de inspeção, idealizado pelo Idaf, permite que pequenos produtores que estão na informalidade consigam se regularizar e agregar valor ao seu produto”, explica Alexandre Benvindo Fernandes, diretor técnico do Idaf.
O gestor destaca, ainda, que referente a galináceos e suínos, duas cadeias produtivas que estão em constante expansão, o Idaf possui os programas sanitários de aves e suínos há décadas, o que tem mantido a qualidade dessas produções. “Temos vigilâncias constantes em propriedades de atenção; controle de trânsito e inquéritos soroepidemiológicos para constatar a ausência de doenças de maior atenção em nosso território. Chamo a atenção para o fato de que, além de Zona Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação [ZLFASV], também somos reconhecidos internacionalmente como Zona Livre de Peste Suína Clássica – [ZLPSC]. Com esses status, o Estado, por meio da Dom Porquito, firmou vários acordos comerciais de exportação com o Peru, República Dominica e Filipinas”, ressalta.
O Idaf avalia que ações de fiscalização garantem um ambiente seguro sanitariamente, fato que contribui para que a pecuárias e outros segmentos se desenvolvam. “Falamos de um Estado que já tem em seu DNA o agronegócio. Nesse momento, chamo a atenção para o aumento significativo dos grãos – milho e soja – em nosso território. Somente com o aumento da produção destes foi possível alavancar os setores produtivos de frango e suínos. A margem de lucro ficou mais atrativa para a cadeia produtiva”, salienta.
Um ambiente sanitariamente seguro movimenta, ainda, um outro setor: a economia do estado. “Já recebemos duas missões internacionais – República Dominicana e Filipinas -, as primeiras do Acre, e, no mês de novembro, receberemos uma delegação do Chile. Essas missões somente ocorreram por conta da conquista do nosso status sanitário de ZLFASV. A manutenção deste status depende do trabalho conjunto do Idaf e do setor produtivo – produtores, lojas agropecuárias, leiloeiras, frigoríficos. Somente desta forma o mercado externo terá segurança para, primeiro, ter interesse em nos visitar; segundo, avaliar o trabalho do Idaf no tocante ao serviço veterinário oficial e seus controles das doenças de interesse; e, por fim, abrir mercado com as empresas frigoríficas”, explica.
Parcerias e capacitações
O governo do Acre tem uma gama de ações que impactam diretamente esses números. Um exemplo disso, foi a semana de capacitações voltadas para diversos segmentos da agropecuária do estado, que ocorreu durante a Expoacre. Um desses cursos foi o de pecuária de corte e de leite, quando 240 participantes compareceram ao curso. Foram abordados temas como manejo animal, de pastagem e inovações tecnológicas para criação de bezerros de corte. Além disso, houve uma roda de conversa sobre o cruzamento como ferramenta estratégica para maximizar a produtividade na fazenda, produção e sucessão familiar em propriedades leiteiras, viabilidade de produção leiteira na pequena propriedade e controle da brucelose e seus desafios.
O chefe do Departamento de Agronegócio da Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri), Jalceyr Pessoa, destaca a importância da integração de palestrantes de outros estados sobre os desafios e avanços nas diversas atividades produtivas.
“São temas relevantes vinculados à viabilidade produtiva, viabilidade econômica, desafio sanitário do nosso rebanho, ou seja, temas que vão engrandecer, fortalecer e estruturar ainda mais a produtiva da pecuária aqui no estado do Acre. Além do mais, vão trazer novas experiências, novas perspectivas para o conjunto de atores que atuam nesse mercado, seja ele profissional, estudante, seja ele produtor rural, que é o objetivo principal deste nosso evento”, explicou ele na ocasião.
Marcos Aurélio Lopes, da Universidade Federal de Lavras (Ufla) foi um dos que ministraram palestra sobre a produção leiteira. Para ele, o intercâmbio de conhecimentos é fundamental para trocas de experiências. “A capacitação, no meu entendimento, é algo fundamental, porque eu gosto muito de um provérbio que diz que feliz é o homem que adquire conhecimento e sabedoria, porque o lucro que o conhecimento e a sabedoria te dá é melhor do que o lucro do ouro e da prata. Então, é possível ganhar dinheiro na agropecuária. Eu tenho plena convicção disso, mas a base é a aquisição do conhecimento”, pontuou.
O trabalho é feito em parceira para que ocorra a qualificação desses profissionais. O relacionamento entre as instituições como a Universidade Federal do Acre (Ufac) também é um diferencial nesse sentido.
“Focamos nas capacitações de responsáveis técnicos para exercerem suas funções em estabelecimentos frigoríficos, gerando, assim, mercado de trabalho no setor privado. O Grupo Especial de Operações em Fronteira [Gefron] é um grande parceiro quando falamos em fiscalização de trânsito em nossas fronteiras, nos dando segurança para trabalhar. O mesmo acontece com o apoio que temos do Exército Brasileiro em algumas ações de fiscalização de trânsito. No tocante às capacitações de produtores, o Senar [Serviço Nacional de Aprendizagem Rural] é um grande parceiro. Fazemos cursos de agentes vacinadores de brucelose e controle do mandarová”, explica Alexandre Fernandes, diretor técnico do Idaf.
Outros parceiros que ajudam na disseminação dessas informações e fortalecimento de medidas são o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que confecciona o material gráfico para a educação sanitária do controle da soja e mandarová, e o Instituto Federal do Acre (Ifac) que é parceiro no Seminário em Defesa Agropecuária, que já está indo para sua terceira edição. Além disso, mais especificamente no controle da praga monilíase, está sendo executado um convênio junto ao Ministério da Agricultura (Mapa).