Em novembro de 2023, os preços da indústria variaram -0,43% com relação a outubro, revertendo o sinal da variação nos últimos três meses. Nessa comparação, 13 das 24 atividades industriais apresentaram queda nos preços. O acumulado no ano foi de -4,89% e o acumulado em 12 meses ficou em -6,09%. Em novembro de 2022, o IPP havia sido -0,52%.
Período
Taxa (%)
Novembro de 2023
-0,43%
Outubro de 2023
1,07%
Novembro de 2022
-0,52%
Acumulado no ano
-4,89%
Acumulado em 12 meses
-6,09%
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) das Indústrias Extrativas e de Transformação mede os preços de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, e abrange as grandes categorias econômicas.
As quatro atividades com as maiores variações frente ao mês anterior foram: indústrias extrativas (-7,09%); outros equipamentos de transporte (-2,11%); madeira (-1,77%); e fumo (-1,73%). Indústrias extrativas foi o setor industrial com a influência negativa mais intensa, na comparação mensal: -0,37 ponto percentual (p.p.) de influência na variação de -0,43% da indústria geral.
Outras atividades que também se sobressaíram foram alimentos, com 0,14 p.p. de influência, outros produtos químicos (-0,11 p.p.) e refino de petróleo e biocombustíveis (0,09 p.p.).
Índice de Preços ao Produtor para a Indústria Geral e Seções, Brasil, últimos três meses
Indústria Geral e Seções
Variação (%)
M/M₋₁
Acumulado no Ano
M/M₋₁₂
Set/2023
Out/2023
Nov/2023
Set/2023
Out/2023
Nov/2023
Set/2023
Out/2023
Nov/2023
Indústria Geral
1,06
1,07
-0,43
-5,48
-4,47
-4,89
-7,97
-6,18
-6,09
B – Indústrias Extrativas
3,86
5,26
-7,09
9,07
14,81
6,67
-3,89
4,77
-1,02
C – Indústrias de Transformação
0,92
0,85
-0,07
-6,14
-5,35
-5,41
-8,18
-6,71
-6,34
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coord. de Estatísticas Conjunturais em Empresas
O acumulado no ano foi de -4,89%, o menor para um mês de novembro desde o início da série histórica, em 2014. A título de comparação, em 2022, a taxa acumulada até novembro havia sido de 4,48%. Entre as atividades, as maiores variações acumuladas no ano, em módulo, foram: papel e celulose (-16,91%), outros produtos químicos (-16,32%), refino de petróleo e biocombustíveis (-11,89%) e metalurgia (-10,18%).
Já as principais influências vieram de outros produtos químicos: -1,43 p.p., refino de petróleo e biocombustíveis: -1,42 p.p., alimentos: -0,81 p.p. e metalurgia: -0,63 p.p.
O acumulado em 12 meses foi de -6,09% em novembro, contra -6,18% em outubro. As quatro variações mais intensas ante o mesmo mês de 2022 foram: outros produtos químicos, -18,66%; papel e celulose, -16,96%; refino de petróleo e biocombustíveis, -16,71%; e metalurgia, -11,35%. Os setores com maior influência no resultado agregado foram: refino de petróleo e biocombustíveis (-2,09 p.p.); outros produtos químicos (-1,66 p.p.); alimentos (-0,74 p.p.); e metalurgia (-0,70 p.p.).
Entre as grandes categorias econômicas, o resultado de novembro repercutiu da seguinte maneira: -0,40% para bens de capital (BK); -0,66% em bens intermediários (BI); e -0,09% em bens de consumo (BC), sendo que a variação observada nos bens de consumo duráveis (BCD) foi de 0,31% e nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis (BCND), de -0,18%
A principal influência dentre as Grandes Categorias Econômicas foi exercida por bens intermediários, cujo peso na composição do índice geral foi de 55,85% e respondeu por -0,37 p.p. da variação de -0,43% nas indústrias extrativas e de transformação.
Índice de Preços ao Produtor para a Indústria Geral e Grandes Categorias Econômicas, Brasil, últimos três meses
Indústria Geral e Grandes Categorias Econômicas
Variação (%)
M/M₋₁
Acumulado no Ano
M/M₋₁₂
Set/2023
Out/2023
Nov/2023
Set/2023
Out/2023
Nov/2023
Set/2023
Out/2023
Nov/2023
Indústria Geral
1,06
1,07
-0,43
-5,48
-4,47
-4,89
-7,97
-6,18
-6,09
Bens de Capital (BK)
0,36
0,44
-0,40
-1,30
-0,87
-1,26
0,99
0,63
-0,29
Bens Intermediários (BI)
1,74
1,18
-0,66
-7,90
-6,82
-7,43
-12,05
-9,49
-9,34
Bens de Consumo (BC)
0,18
1,04
-0,09
-2,42
-1,41
-1,50
-2,87
-2,05
-1,91
Bens de Consumo Duráveis (BCD)
0,01
0,23
0,31
1,97
2,20
2,51
2,32
2,25
2,34
Bens de Consumo Semiduráveis e Não Duráveis (BCND)
0,21
1,20
-0,18
-3,28
-2,12
-2,29
-3,88
-2,89
-2,74
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coord. de Estatísticas Conjunturais em Empresas
Completam a lista, bens de consumo (-0,03 p.p.) e bens de capital (-0,03 p.p.). No caso de bens de consumo, a influência observada em novembro se divide em 0,02 p.p., que se deveu à variação nos preços de bens de consumo duráveis, e -0,05 p.p. associado à variação de bens de consumo semiduráveis e não duráveis.
Os acumulados no ano das grandes categorias econômicas foram: -1,26% em bens de capital; -7,43% em bens intermediários e -1,50% em bens de consumo, sendo de 2,51% para bens de consumo duráveis e -2,29% para semiduráveis e não duráveis.
Em termos de influência no acumulado no ano, bens de capital foram responsáveis por -0,09 p.p. dos -4,89% verificados na indústria geral até novembro deste ano. Bens intermediários, por seu turno, respondeu por -4,27 p.p., enquanto bens de consumo exerceu influência de -0,53 p.p. no resultado agregado da indústria, influência que se divide em 0,15 p.p. devidos às variações nos preços de bens de consumo duráveis e -0,67 p.p. causados pelas variações de bens de consumo semiduráveis e não duráveis.
No acumulado em 12 meses, a variação de preços de bens de capital foi de -0,29% em novembro/2023. Os preços dos bens intermediários, por sua vez, variaram -9,34% neste intervalo de um ano e a variação em bens de consumo foi de -1,91%, sendo que bens de consumo durável apresentaram variação de preços de 2,34% e bens de consumo semiduráveis e não duráveis de -2,74%.
Com peso de 7,74% no cálculo do índice geral, bens de capital foram responsáveis por -0,02 p.p. dos -6,09% de variação acumulada em 12 meses na indústria, neste mês de referência. No resultado de novembro de 2023, houve, ainda, influência de -0,66 p.p. de bens de consumo e de -5,40 p.p. de bens intermediários.
O resultado de bens de consumo, em particular, foi influenciado em 0,13 p.p. por bens de consumo duráveis e em -0,80 p.p. por bens de consumo semiduráveis e não duráveis. Este último com peso de 82,89% no cômputo do índice daquela grande categoria.
Indústrias extrativas – Após quatro meses, a variação de preços do setor, na comparação com o mês anterior, teve uma queda de -7,09%. Com isso, o acumulado no ano recuou de 14,81%, em outubro, para 6,67%, em novembro. Por fim, o acumulado em 12 meses ficou em -1,02%, voltando ao campo negativo, mas numa intensidade bem menor do que aquela que prevaleceu entre janeiro e setembro, cuja média foi de -16,70%.
O destaque dado ao setor se deveu à comparação mensal, tendo sido a mais intensa variação negativa entre os setores pesquisados e a maior influência (-0,37 p.p., em -0,43%).
Alimentos – Pelo terceiro mês consecutivo, a variação de preços foi positiva (0,56%). Com isso, o acumulado no ano ficou em -3,36%. Já no acumulado em 12 meses, como tem acontecido desde abril, o resultado manteve-se em baixa, com variação de -3,09%.
O destaque dado ao setor se deveu ao fato de ter sido a segunda influência no M/M-1 (0,14 p.p., em -0,43%) e a terceira tanto no acumulado no ano (-0,81 p.p., em -4,89%) quanto no acumulado em 12 meses (-0,74 p.p., em -6,09%).
Os quatro produtos de maior influência no resultado tiveram influência agregada de 0,00 p.p., em 0,56%. Dois produtos tiveram variação negativa: “carnes de bovinos frescas ou refrigeradas” e “açúcar VHP (very high polarization)”, dois, positiva: “resíduos da extração de soja” e “carnes e miudezas de aves congeladas”.
A apreciação do real frente ao dólar (3,3% na passagem de outubro para novembro) impacta os preços de produtos de exportação, como são, entre os quatro citados, aqueles com variação negativa de preços. Contribui para a queda de preços da carne bovina uma maior oferta de animais para abate observada ao longo do ano. Já no caso da carne de frango, novembro foi um mês com menos dias úteis, o que impactou a oferta e fez o preço da carne subir. Por fim, uma demanda mais intensa, tanto interna quanto externa, explica em parte a elevação de preço de “resíduos da extração de soja”.
Refino de petróleo e biocombustíveis – Entre os meses de outubro e novembro de 2023, os preços do setor variaram, em média, 0,83%, sendo o quarto mês seguido de variação positiva consecutiva e um pouco abaixo da anterior, 0,86%. Com isso, o acumulado no ano ficou em -11,89%, um quadro bem diferente do ano anterior, uma vez que, em 2022, até novembro o acumulado era de 17,48%. Por fim, no M/M-12, a variação manteve-se, como tem sido desde março de 2023 (-10,42%), no campo negativo, agora em -16,71%.
Os quatro produtos de maior influência no resultado foram: “óleo diesel”, “gasolina, exceto para aviação”, “óleos combustíveis, exceto diesel” e “álcool etílico (anidro ou hidratado)”. Em conjunto, responderam por 0,85 p.p. da variação de 0,83%, ou seja, os demais seis produtos responderam por -0,02 p.p..
Outros produtos químicos – Após três meses de alta, a indústria química voltou a recuar: -1,36% frente a outubro, colocando o setor em destaque em termos de influência para o resultado no mês (M/M-1). Com o quarto maior peso no índice geral, os químicos responderam por -0,11 p.p. da variação de -0,43% do IPP frente ao mês anterior.
Os preços dos produtos consumidos na lavoura foram os principais responsáveis pela taxa observada na passagem de outubro para novembro. “Adubos ou fertilizantes à base de NPK” e “herbicidas para uso na agricultura”, os dois produtos de maior peso no resultado setorial, foram vendidos a menores preços nesse mês e mais que compensaram, por exemplo, a alta nos demais produtos em destaque em termos de influência no agregado da atividade.
Esta mesma dinâmica pode ser percebida ao nível dos grupos econômicos investigados, os químicos inorgânicos (com peso importante dos fertilizantes) e os defensivos agrícolas apresentaram menores preços em novembro, ante o mês anterior. Em ambos os grupos, os preços praticados no final do ano seguem uma dinâmica similar à observada no mesmo período de 2022, em que prevaleceu certa moderação de demanda pelos itens.
Metalurgia – em novembro, a variação de preços da atividade foi de -1,43% em relação ao mês anterior, sétima queda consecutiva neste indicador. Com isso, em 2023, os preços da atividade acumulam, em média, uma queda de 10,18%, sendo a quarta variação mais intensa dentre as 24 atividades pesquisadas no IPP, assim como a quarta influência nesse indicador (-0,63 p.p. em -4,89%). E nos últimos 12 meses, o setor acumula uma redução de 11,35%, a quarta variação e influência (-0,70 p.p. em -6,09%) no indicador M/M-12.
O setor vem sendo influenciado, principalmente, por metais não ferrosos e siderurgia. Este segundo grupo recuou 1,48% em novembro, ante outubro. O acumulado no ano (-11,30%) foi o resultado negativo mais intenso neste indicador para um mês de novembro, desde o início da série histórica dos grupos econômicos, em 2019. E nos últimos 12 meses, o resultado do grupo também permanece negativo, apresentando uma queda de 13,26%.
Vale destacar que o grupo siderúrgico tem sido afetado, principalmente, pela baixa demanda interna por produtos de aço e pela necessidade de manter os preços competitivos por conta do maior volume de importações. Além disso, em novembro, os produtos siderúrgicos foram afetados também pelos menores preços dos minérios de ferro, seu principal insumo.