O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato, condenou nesta quinta-feira, o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, a 9 anos e 10 meses de prisão por gestão fraudulenta de instituição financeira e corrupção no âmbito do petrolão. O magistrado manteve a prisão preventiva do empresário, que voltou à prisão no início de setembro. Outras sete pessoas foram condenadas na ação.
Bumlai era acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e por crimes financeiros no empréstimo de 12 milhões de reais do banco Schahin para o PT em 2004.
Ele havia sido preso pela primeira vez em novembro de 2015, na Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato. Segundo a Lava Jato, em troca do empréstimo, o Grupo Schahin foi favorecido por um contrato de 1,6 bilhão de dólares sem licitação com a Petrobras, em 2009, para operar o navio sonda Vitória 10.000.
Bumlai foi condenado pelos crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira, por ter feito o empréstimo, e por corrupção passiva, pelo fato de ter conseguido vantagem indevida no contrato com a estatal. Moro, porém, absolveu o pecuarista do crime de lavagem de dinheiro “por falta de adequação típica”.
Também foram condenados o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto (6 anos e 8 meses, regime semiaberto por corrupção passiva), o operador de propinas Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano (6 anos em regime semiaberto por corrupção), os executivos Milton Schahin e Salim Schahin (9 anos e 10 meses de prisão por corrupção e gestão fraudulenta), o executivo Fernando Schahin (5 anos e 4 meses em regime semiaberto por corrupção ativa), o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa (6 anos em regime semiaberto por corrupção) e o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró (6 anos e 8 meses, regime semiaberto por corrupção passiva).
O juiz Sergio Moro absolveu nesse caso Jorge Luiz Zelada do crime de crime corrupção passiva; Maurício de Barros Bumlai dos crimes de corrupção passiva, gestão fraudulenta de instituição financeira e lavagem de dinheiro; e Salim Taufic Schahin, do crime de lavagem de dinheiro.
Sítio em Atibaia
Amigo do ex-presidente Lula desde 2002, José Carlos Bumlai também está envolvido nas obras do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, no interior de São Paulo. O petista é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ser o verdadeiro dono do imóvel, o que ele nega veementemente.
Em depoimento aos investigadores da Lava Jato, Bumlai afirmou que, em 2010, o ex-assessor especial de Lula no Palácio do Planalto Rogério Aurélio Pimentel o procurou e pediu que “deixasse a obra” do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), “pois não estava andando a contento”. Na ocasião, o pecuarista estava ajudando na ampliação das acomodações do sítio, segundo afirmou, a pedido da então primeira dama, Maria Letícia.
Em agosto, o MPF entregou à Justiça uma manifestação em que afirma que a cozinha do sítio, reformada pela empreiteira Odebrecht sob a coordenação de Bumlai, foi “outra operação de lavagem de dinheiro em favor de Lula”. “Nesses fatos, estão envolvidos a mesma loja da Kitchens e o mesmo funcionário da OAS que viabilizaram a mobília do apartamento Triplex de Lula em Guarujá/SP. Nesse caso a pessoa interposta escolhida pela OAS para ocultar o verdadeiro destinatário/beneficiário da cozinha foi Fernando Bittar, em nome do qual foi emitida a nota fiscal dos móveis”, diz o documento.
Ontem, os procuradores da Lava Jato apresentaram a primeira denúncia contra Lula no âmbito da Lava Jato, agora em relação ao apartamento tríplex no Guarujá (SP) – cuja propriedade também era negada pelo petista. Mais do que isso, o MPF afirmou que Lula é o mandante do esquema de corrupção na Petrobras.
Fonte:Veja