A primeira condenação do ex-presidente da Câmara dos Deputatos, Eduardo Cunha, no âmbito do processo da Operação Lava Jato, repercutiu entre os deputados federais. Representantes da oposição na Câmara aprovaram a decisão de Moro e esperam que Cunha faça delação premiada a fim de reduzir sua pena. Já o aliado do ex-deputado manifestou estranhamento com o fato de o ex-deputado ser o único condenado da primeira lista enviada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo investigação de pessoas com foro privilegiado.
O juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, condenou hoje (30) Eduardo Cunha a 15 anos e 4 meses de prisão, pela prática dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Cunha está preso em Curitiba desde outubro do ano passado.
“É a confirmação do que nós apuramos aqui. Quando muitos dos colegas parlamentares não acreditavam no envolvimento e na culpa do Eduardo Cunha, nós sabíamos o tempo todo do seu envolvimento e da sua relação. E esse é o primeiro de oito processos”, disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Ele manifestou expectativa em relação a uma possível delação premiada. “Todos nós sabemos que ele sabe muita coisa, e conservou muita coisa, esperando uma absolvição, uma pena mais branda”, declarou.
“A sensação que nós temos é a de que nós tínhamos razão quando lutávamos pra que ele respondesse pelos crimes que ele praticou e pra que ele fosse cassado. Foi uma luta muito dura aqui na Câmara dos Deputados, mas essa primeira condenação prova que nós tínhamos razão, que nós fizemos bem e que ele agora vai responder pelo que ele fez”, disse o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), que também é a favor de que Cunha faça a delação premiada. “Tomara que ele conte tudo o que ele sabe, pra que todos aqueles que cometeram ilícitos sejam também responsabilizados, e a gente possa limpar o Parlamento e começar uma nova era”, declarou.
Para Molon, a condenação pode gerar um temor entre os parlamentares citados no processo da Lava Jato e, consequentemente, uma reação no Congresso. “Para aqueles que praticaram crimes e que temem pela sua responsabilização, isso vai aumentar a preocupação e provavelmente vai aumentar a tendência a uma reação da Casa às medidas que estão levando à condenação de parlamentares e de políticos que tenham cometido crimes. Por isso, é muito importante que a sociedade permaneça atenta e que a gente aqui dentro continue lutando pra evitar qualquer retrocesso, qualquer medida de sabotagem ou retaliação às investigações da Operação Lava Jato”, declarou.
Aliado de Cunha
O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), aliado de Eduardo Cunha, disse que não pode avaliar a decisão do juiz. “Não conheço o mérito da sentença, não posso fazer avaliação antecipada. Durante a sua cassação, pelos motivos que levaram à sua cassação aqui na Câmara, eu tive um posicionamento. Tenho certeza de que esta condenação não vem pelos motivos que balizaram a cassação”, afirmou.
Marun evitou emitir opinião sobre a pena de 15 anos e reforçou sua defesa a Cunha. “Eu continuo achando estranho o fato de ele ser o único dos agentes políticos com mandato presentes na primeira lista de Janot a ter uma condenação. Cadê os outros? (…) Eu até agora nada vi que pudesse caracterizá-lo como um dos chefes do ‘Petrolão’. Eu acredito que tem chefe, ou chefas, soltos, mas cabe à Justiça estabelecer sua ordem de prioridade”, disse Marun.
Fonte:Agência Brasil