A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados ouve, na próxima quarta-feira (24), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, sobre a agenda e as prioridades do pasta para este ano. Vieira terá que explicar também o retorno do país à União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
A audiência foi pedida pelo deputado Paulo Alexandre (PSDB-SP), Marcel Van Hattem (Novo-RS), Ricardo Salles (PL-SP) e Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP).
Com a transição de governo, afirma Paulo Alexandre, a política externa brasileira é uma das áreas que mais experimentará mudanças e reorientações de diretrizes.
O deputado lembra que o cenário internacional conturbado, “motivado por tensões entre grandes potências e uma guerra que desestabilizou o mundo todo” e trouxe desafios adicionais à América Latina.
“A crise ucraniana atinge a dinâmica da política e da economia mundiais e seus efeitos diretos e indiretos também nos alcançam”, afirma Paulo Alexandre. “É, pois, nesse contexto mundial altamente desafiador que a diplomacia brasileira atuará em 2023.”
Unasul
Já o deputado Ricardo Salles quer que o ministro explique por que o Brasil voltou a integrar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
“A Unasul foi criada em 2008 e nasceu como um projeto de Hugo Chávez, em
contraponto à união dos Estado Americanos (OEA)”, afirma o parlamentar. Em 2017, continua Salles, a Unasul “começou a definhar” quando Ernesto Samper (Colômbia) deixou o cargo de secretário-geral e as divergências políticas entre os países membros impediram a nomeação de um novo secretário.
Por divergências internas, um a um, os países foram encerrando suas atividades no bloco. Em abril de 2019, o Brasil formalizou a sua saída.
Neste ano, o Ministério das Relações Exteriores anunciou o regresso do país à Unasul. “O anúncio, por si só já desperta a atenção por não ter sido debatido previamente pela sociedade, menos ainda pelo Congresso Nacional”, critica Luiz Philippe de Orleans e Bragança.
Salles, por sua vez, afirma que o bloco perdeu seus efeitos já que os mesmos temas são tratados em outras instâncias, como por exemplo, o Mercosul.
A audiência será realizada no plenário 3, a partir das 9 horas.