Os profissionais de saúde da rede pública assumem uma responsabilidade essencial e delicada ao receber crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Mais do que oferecer cuidados médicos imediatos, eles desempenham um papel vital no acolhimento emocional e psicológico dessas vítimas, atuando como a linha de frente na proteção de suas vidas e dignidade.
Buscando aprimorar esse atendimento, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Saúde (Sesacre), em parceria com o Ministério da Saúde (MS), realiza nesta quarta e quinta-feira, 11 e 12, em Rio Branco, a oficina de “Linha de cuidado para a atenção à saúde de crianças e adolescentes em situação de violência sexual”.
Com a presença dos profissionais que atuam na rede pública de saúde dos 22 municípios do Acre, a oficina tem por objetivo oferecer subsídios para o diagnóstico e conduta, uma vez que é dever do profissional atuar para a prevenção do abuso sexual, diagnosticar e realizar denúncia em tempo hábil, para que possa garantir a integridade física e emocional da criança e do adolescente sob seus cuidados.
De acordo com a coordenadora de Saúde da Criança e do Adolescente da Sesacre, Luciana Freire, de 2019 a 2023 foram notificados cerca de dois mil casos de violência sexual contra crianças e adolescentes no estado, estando Rio Branco em primeiro lugar, seguido de Tarauacá.
“A nossa finalidade aqui é oferecer meios para que os profissionais possam atuar da forma correta. Quando uma criança ou adolescente chega, nossa prioridade é garantir que eles se sintam seguros, evitando ao máximo qualquer ação que possa gerar mais desconforto ou medo”, explicou.
O assessor técnico do MS, Eduardo Carvajal, de Brasília, enfatizou a importância da não revitimização, situação em que uma vítima de um crime, abuso ou trauma é submetida a um tratamento insensível ou a procedimentos que a levam a reviver a situação de violência.
“Fomos provocados pela Secretaria de Saúde devido ao cenário que estamos vivendo. Reunimos os principais atores que participam dessa rede de assistência, como Educação, Segurança, Ministério Público, entre outros, porque o cuidado não é específico da Saúde. E fortalecendo esse cuidado conseguimos evitar a revitimização desse paciente”, pontuou.
Participam da ação, também, representantes do Ministério Público do Acre (MPAC), Defensoria Pública do Acre, Assistência Social, Educação, Segurança Pública e conselheiros tutelares.
“Vamos tirar dessa oficina alguns relatos e concretizar os encaminhamentos que precisam ser feitos. Isso vai contribuir para criarmos ou renomearmos o fluxograma do município e do nosso estado para que atenda crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual infantil”, declarou o conselheiro tutelar Anilton Andrade.