O Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen), em parceria com o Tribunal de Justiça do Estado do Acre (TJAC), segue ampliando as ações do projeto Entrelinhas, iniciativa que incentiva a profissionalização de mulheres privadas de liberdade por meio da costura, pintura e bordado. O objetivo é promover autonomia financeira, dignidade e perspectivas reais de reinserção social após o cumprimento da pena.
As reeducandas do Estabelecimento Penal Feminino de Rio Branco estiveram nesta terça-feira, 26, na sede do TJAC para apresentar peças produzidas durante o projeto. Atualmente, 15 mulheres participam das atividades de costura, pintura e crochê, além de outras que atuam no viveiro da unidade.
Para a detenta J.S., a participação no projeto tem sido transformadora. “Eu já me sinto outra pessoa, bem melhor. Quando a gente está pintando, costurando, traz uma calmaria. Aprender tudo isso aqui me faz querer ter uma vida diferente lá fora. Pretendo continuar costurando e pintando para tirar meu sustento quando sair”, conta a mulher.
Fio a fio, se costura um novo caminho e, acima de tudo, a esperança, palavra-chave no cárcere. É ela quem guia a ressocialização e o recomeço a essas detentas. A coordenadora Estadual das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar, juíza Louise Santana, destacou o impacto social da iniciativa.
“Essa parceria trabalha o empreendedorismo e o empoderamento feminino. São mulheres que têm família, têm filhos e querem que o passado fique lá. Estão pensando no futuro, em recomeçar com dignidade. O projeto simboliza o que elas são capazes de fazer”, enfatiza a juíza.

O Judiciário exerce um papel essencial na pena das pessoas privadas de liberdade, permitindo o contato com diversas ações durante o cumprimento da pena, em diálogo permanente com o Iapen. O presidente do Instituto, Marcos Frank, ressaltou a importância do trabalho para transformar vidas e destacou o papel da Polícia Penal na capacitação das participantes:
“Se trata de um recomeço, de novas alternativas para quem cumpre pena e que, em algum momento, vai retornar à sociedade. Agradecemos ao Tribunal de Justiça pelo suporte e aos policiais penais, que têm ensinado essas habilidades às nossas reeducandas”, afirma.

Não apenas as detentas, mas também as próprias policiais penais percebem a diferença e relatam a importância do projeto no dia a dia. A diretora da Divisão do Estabelecimento Penal Feminino de Rio Branco, Jamilia Silva, reforçou que a iniciativa atua tanto na profissionalização quanto na remissão de pena:
“Nós estamos mostrando o que é produzido dentro da unidade e que pode gerar renda no futuro. A produção contribui com a remissão de pena e com oportunidades quando deixarem o sistema prisional”.

Com iniciativas como essa, cada nova peça confeccionada representa não apenas uma futura oportunidade profissional, mas também a reconstrução de histórias e autonomia. O projeto mostra que o sistema prisional pode ser um espaço de transformação e preparação para um retorno digno à convivência social.
“Quando retornarem à sociedade, essas mulheres não serão as mesmas. Ressocializar é possibilitar uma nova vida, um recomeço. É oferecer condições para que trilhem um novo caminho, longe da criminalidade”, finaliza a diretora.
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