Com a presença de representantes da bancada feminina, que ainda se veem subrepresentadas no Congresso, e com a intenção de promover discussões sempre suprapartidárias, foi lançada nesta quarta-feira (29) na Câmara dos Deputados a Frente Parlamentar para o Fortalecimento da Mulher.
O objetivo, segundo texto lido durante a cerimônia, é fiscalizar e acompanhar projetos de lei, programas e políticas públicas para a população feminina, que representa 53% do total dos brasileiros.
Foram apresentados dados que reforçam a necessidade dessas políticas públicas específicas. Entre eles, os do Monitor da Violência, relativos a 2022, que apontam que, a cada seis horas, uma mulher é vítima de feminicídio, e as estatísticas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que mostram que as mulheres ganham 20% menos do que homens ocupando as mesmas funções.
Frentes nas cidades
Segundo a presidente da frente parlamentar, deputada Yandra Moura (União-SE), o grupo vai trabalhar em temas como igualdade de gênero, violência doméstica e a dificuldade de as mães solo criarem os filhos. A ideia é levar a frente para os municípios e promover audiências públicas, tendo coordenadoras em cada estado e considerando as diferenças regionais.
“Aqui em Brasília, a gente sabe que a violência doméstica é muito grande. Lá em Sergipe, tem o assunto sobre a desigualdade e a falta de oportunidade de trabalho para as mulheres. Então cada estado é um país, cada estado tem suas dificuldades e é por isso que a gente quer abrir a coordenadoria para todos os estados”, explicou Yandra Moura.
Temas prioritários
A procuradora da Mulher da Câmara, deputada Maria Rosas (Republicanos-SP), acredita que a criação da frente parlamentar soma forças para o debate e o trabalho de fazer com que as políticas públicas cheguem até a população feminina.
“Temos três assuntos para a gente tratar como prioridade: saúde da mulher, empreendedorismo e a maior participação da mulher na política. Nós sabemos que nós temos aqui 18% do Parlamento, então precisamos de mais a gente propagar isso e trazer essas mulheres para o debate e participar, já que no ano que vem nós temos eleições municipais e tudo acontece no município”, afirma Maria Rosas.
Dificuldades
Durante o evento de lançamento da frente, as deputadas destacaram que são pouco mais de 100 parlamentares do sexo feminino juntando Câmara e Senado e reclamaram de dificuldades de estar nos espaços de poder.
A deputada Delegada Katarina (PSD-SE), por exemplo, contou que foi questionada se era a esposa do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), só porque estava ao lado dele em uma reunião da bancada da Segurança Pública na residência oficial.
Já a deputada Franciane Bayer (Republicanos-RS) ouviu de um parlamentar homem que as mulheres não deveriam estar na Comissão de Segurança Pública, mas procurar temas como Educação e Família. “Como se mulheres não pudessem tratar de economia, de finanças, de segurança pública”, criticou Franciane.
Além de Yandra Moura na presidência, outras três deputadas foram escolhidas vice-presidentes da Frente Parlamentar para o Fortalecimento da Mulher: Tabata Amaral (PSB-SP), Luisa Canziani (PSD-PR) e a procuradora da Mulher, Maria Rosas.