Com sensibilidade e compromisso com a igualdade de gênero, a consulta para a repartição de benefícios do Programa ISA Carbono do Sistema de Incentivo a Serviços Ambientais (Sisa), realizada nas cinco regionais do Acre, tem priorizado momentos de acolhimento e cuidado às mães agricultoras, ribeirinhas e indígenas que participam das oficinas de formação e debates sobre políticas ambientais.
Reconhecendo os desafios enfrentados pelas mães vindas das comunidades mais longínquas, o governo do Acre, por meio do Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais (IMC), estruturou espaços para acolher as crianças com brinquedotecas, atividades educativas, cuidadoras e espaços adaptados ao cuidado infantil.
Ao falar do planejamento para realização das consultas, a presidente do IMC, Jaksilande Araújo, conta que percebeu a resistência de algumas mães em participar das consultas, devido não terem com quem deixar seus filhos, o que necessitou estruturar condições mínimas para garantir a participação das mulheres nos processos de tomada de decisão das consultas.

“Essas mães enfrentam longas jornadas para estarem presentes, e isso mostra o quanto elas estão comprometidas com o futuro da floresta. Nosso papel é garantir que tenham não só voz, mas também o cuidado. Criamos espaços que acolhem, para que possam participar com tranquilidade e atenção dos debates, porque sem a escuta e a contribuição das mulheres não é possível construir políticas ambientais verdadeiramente justas e eficazes, uma vez que as mulheres têm um papel essencial nesse processo do cuidado com o meio ambiente”, enfatiza a presidente do IMC, Jaksilande Araújo.
Na consulta realizada na Regional Purus, em Sena Madureira, não foi diferente. A mãe Elisandra Pereira, que veio da Aldeia Nova Fortaleza, em Santa Rosa do Purus, falou da importância do acolhimento recebido, especialmente com a filha Mariana Kaxinawá, de apenas um ano.

“Quando saí da minha terra, foram três dias de viagem de barco até Manoel Urbano. Depois viemos até Sena Madureira de carro. Vim com dificuldade, pegando sol e chuva, mas trouxe minha menina comigo. Aqui fomos muito bem recebidas, deram até um colchonete pra ela dormir. Eu agradeço demais por esse cuidado”.
Angélica Jaminawa mora na Aldeia Extrema, na terra indígena Rio Caeté, em Sena Madureira, e veio acompanhada de sua neta Luiza Sofia Jaminawa para participar da consulta, após uma jornada de 12 horas de barco.

“Vim participar dessa reunião porque me preocupo com tudo isso que está acontecendo. Saí da minha comunidade com minha netinha porque acredito que a nossa voz precisa estar aqui. Saímos às seis da manhã e só chegamos às seis da tarde, mas ao chegarmos aqui estamos sendo muito bem cuidadas”.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Maria Rosiane Menezes, conta sua experiência ao participar da consulta com sua filha Beatriz Rebeca Menezes, de 1 ano de idade.

“Ano passado eu participei do fórum participativo do Sisa, enquanto minha filha tinha meses. Para mim é um pouco difícil participar, mas eu tive muito apoio da equipe. Ano passado, a equipe providenciou o colchonete para eu colocar ela para dormir. Este ano, novamente, estou sendo muito bem acolhida. As integrantes da equipe têm me ajudado, cuidam da minha filha enquanto eu participo dos debates”.
Com a iniciativa, o governo do Acre estabelece um elo entre justiça ambiental e inclusão social, reconhecendo o papel essencial das mulheres como protagonistas na construção de políticas ambientais do Sisa. O IMC, como órgão responsável pela coordenação técnica do Sisa, atua para garantir a equidade e o respeito à diversidade das comunidades e dos territórios, a fim de garantir uma participação efetiva das mulheres das comunidades.
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