Produzir alimentos de forma sustentável é a prioridade de deputados que defendem o desenvolvimento da agricultura, principalmente da agricultura familiar. Defensor dos pequenos produtores rurais, Airton Faleiro (PT-PA) ressalta que a categoria é a maior produtora de comida para o mercado interno.
Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a agricultura familiar responde por cerca de 70% dos alimentos consumidos no Brasil. O último censo agropecuário realizado pelo instituto em 2017 mostrou que, naquele período, os pequenos respondiam por 48% da produção de café e banana, 80% da mandioca, 69% do abacaxi e 42% do feijão.
Embora correspondesse a apenas 23% do total de estabelecimentos agropecuários brasileiros, como mostrou o censo, a agricultura familiar empregava mais de 10 milhões de pessoas naquele ano, 67% das ocupações no setor. O IBGE mostrou ainda que a agricultura familiar era a base da economia de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes.
Airton Faleiro ressalta que, com a recriação do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e o apoio de instituições financeiras, como o Banco do Brasil e o BNDES, a “produção de alimentos saudáveis para o consumo humano” vai ganhar prioridade.
“Vamos estar aqui no Parlamento somando forças com outros colegas na busca da adequação da legislação, quando necessário, mas também nessa interação junto aos ministérios na busca de regularização fundiária, dos cuidados socioambientais, em especial, com o bioma amazônico, que hoje é, digamos assim, a cereja do bolo do debate internacional do equilíbrio climático”, observou Faleiro.
Logo depois de tomar posse para seu quinto mandato na Câmara, o deputado Paulo Teixeira (SP) se licenciou para assumir o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Segundo o agora ministro, o objetivo do órgão será ajudar a cumprir a promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que todo brasileiro irá fazer pelo menos três refeições por dia.
“O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar quer ajudar o Brasil a produzir alimentos, alimentos de qualidade, baratos, para colocar na mesa do povo brasileiro; essa é a nossa missão. O presidente Lula quer que todo brasileiro tenha três refeições, no mínimo, café da manhã, almoço e jantar, e nós queremos contribuir nessa missão.”
Agronegócio
O deputado Alceu Moreira (MDB-RS) também ressalta a vocação do Brasil para alimentar o mundo e a importância do agronegócio para a economia nacional. O deputado sustenta que, embora o país historicamente tenha se preparado para ser “chão de fábrica”, com incentivos à industrialização, o que “ganhou as prateleiras do mundo” veio do agro.
“O Brasil depende do agro, ele é um setor que evoluiu em tecnologia, se expandiu do ponto de vista tecnológico, ele tem capacidade de investimento, ele é que, com certeza, vai trabalhar o tema que nos próximos 20 anos vai ser o tema preponderante no mundo, que é a segurança alimentar. Nenhum chefe de qualquer nação do mundo pode conversar com seu povo sem prever como vai alimentar seu povo nos próximos 20 anos. Quem tem fronteira agrícola? Nós, só nós”, disse.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estima a necessidade de aumento na produção de alimentos em 35% até 2030. Em 2020, estudo da instituição calculou que a agricultura brasileira atendeu a mais de 770 milhões de pessoas. Além da população brasileira, de cerca de 212 milhões naquele ano, os produtos agrícolas nacionais chegaram a mais 560 milhões de habitantes de outros países, por meio da exportação de grãos.