Representantes do governo e de entidades ligadas à mobilidade ativa concordam que a principal forma de fazer com que as cidades sejam menos hostis a pedestres e ciclistas é a diminuição da velocidade das vias públicas. O tema foi discutido em audiência pública da Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (15).
Representante do movimento Bike é Legal, Renata Falzoni lembrou que, em acidentes envolvendo pedestres ou ciclistas e carros, se a velocidade for de até 40 km/h as chances de sobrevivência são de 65% contra 15%, se a velocidade for de 60 km/h. “Com isso, há redução dos congestionamentos, da poluição, do consumo de combustível, do stress da cidade e do ruído urbano e criamos um ambiente de tolerância, um compartilhamento das vias baseado em um trânsito calmo, de gentileza”, ressaltou.
Educação
A diretora do Departamento de Segurança no Trânsito do Ministério dos Transportes, Maria Alice Nascimento, informou que a pasta adotou dois manuais: um de medidas moderadoras e outro de ruas completas e de gestão de velocidade. Mas, segundo ela, as medidas de diminuição da violência no trânsito serão mais eficazes quando essa disciplina fizer parte da grade curricular de todas as escolas brasileiras. “A gente sabe que começa no ensino e eu não entendo porque até hoje não é obrigatório.”
Já a representante da União de Ciclistas do Brasil, Ana Carboni, lembrou que a legislação brasileira já prevê que pedestres e ciclistas são prioridades nas ruas, mas mesmo assim o Brasil é o terceiro país no ranking mundial de mortes no trânsito. Para ela, somente a redução na velocidade das vias vai ser capaz de evitar essas mortes.
Exemplo
O deputado Jonas Donizette (PSB-SP) afirmou que a redução da velocidade nas vias brasileiras ainda é um desafio para os gestores que enfrentam o descontentamento de parte da população. “Mas o resultado é comprovado”, destacou.
Ele lembrou de sua atuação quando foi prefeito. “No centro de Campinas nós temos um viaduto que se chama viaduto Cury. Constantemente tinha acidentes, eu coloquei 40 km/h e nós não tivemos mais nem mortes, nem pessoas mutiladas”, informou.
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os acidentes de trânsito custam ao País anualmente cerca de R$ 50 bilhões.