Debatedores defenderam nesta terça-feira (23) medidas para incentivar o uso do biometano na matriz energética brasileira. O assunto foi discutido na Comissão de Minas e Energia, a pedido do deputado Hugo Leal (PSD-RJ).
O biometano é produzido a partir da purificação do biogás. Este, por sua vez, é o gás obtido da decomposição de resíduos orgânicos, como lixo, esgoto e até restos agropecuários (sendo o principal o bagaço de cana).
Hugo Leal avalia que o mercado de biometano já é uma realidade no País, apesar de ser pouco conhecido da população, e precisa ser dinamizado. Atualmente o Brasil possui 20 unidades de produção da substância, podendo chegar a 90 em 2029, na avaliação da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás).
Leal aposta no uso do biocombustível no setor de transportes pesados, já que tem a mesma composição do gás veicular, com a diferença de ser renovável. “Quanto mais nós utilizamos o gás natural para os veículos pesados, menos dependência nós vamos ter do diesel importado”, disse. Ele é autor de um projeto de lei (PL 4861/23) de incentivos ao biometano.
Origem
O diretor da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), Marcelo Mendonça, também vê no setor de transportes a saída para impulsionar o mercado de biometano. “O elétrico não é a única solução. O veículo a gás custa três vezes menos do que o veículo elétrico”, disse.
Outra vantagem do uso do combustível, segundo Mendonça, é poder aproveitar a infraestrutura de gasodutos (43 mil quilômetros) e os mais de 1,7 mil postos que já operam com gás natural veicular.
O diretor institucional da montadora Scania e representante da Abiogás, Gustavo Bonini, afirmou que o Brasil tem vocação para produzir o combustível, principalmente a partir de resíduos e esgoto. “Talvez seja o combustível que mais tem enraizado o que a gente chama de economia circular: você transforma um passivo ambiental, um problema, num ativo energético”, disse.
Outros debatedores defenderam medidas específicas para estimular a cadeia de produção. Entre elas, a inclusão dos veículos a gás nos planos de mobilidade urbana e a criação de linhas de financiamento em bancos públicos para unidades produtoras.
O deputado Leônidas Cristino (PDT-CE) propôs que outros setores da economia, além dos transportes, também possam usar o biometano. “Temos abranger todos os segmentos da economia, para que a gente possa tirar o gás carbônico da atmosfera, caso contrário o mundo não vai suportar”, afirmou.