Com a crescente demanda por segurança dos alimentos e o fortalecimento da vigilância sanitária no Acre, a realização do Curso de Coleta, Acondicionamento e Remessa de Amostras de Produtos de Origem Animal, realizada pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf), em parceria com a Unidade de Tecnologia de Alimentos (Utal) da Universidade Federal do Acre (Ufac), se destaca como uma importante iniciativa para capacitar profissionais que atuam no setor de vigilância e fiscalização sanitária.
Durante três dias, servidores do Idaf, médicos veterinários, zootecnistas, engenheiros de alimentos e estudantes de medicina veterinária receberão instruções sobre a coleta adequada, o adequado acondicionamento e o transporte das amostras de produtos de origem animal, que são etapas cruciais para a qualidade do diagnóstico laboratorial e para a segurança alimentar.
“O Idaf tem como função garantir o bem-estar animal e a segurança alimentar, com qualidade e controle de produção. Por isso, toda indústria que elabora produtos de origem animal deve ser inspecionada para que os alimentos estejam aptos para o consumo humano. É importante observar se o produto possui selo, ou carimbo, com número de registro do estabelecimento e do produto em questão, produzidos dentro dos padrões sanitários”, explica Oscar de Almeida Nogueira, agente de inspeção do Idaf.
Segundo a estudante de curso de Medicina Veterinária da Ufac, Beatriz de Assis, para o setor da indústria a correta coleta de amostras é indispensável, bem como o monitoramento da qualidade dos produtos. “Esse curso é de extrema importância para estudantes de Medicina Veterinária, pois fornece o conhecimento necessário para a coleta adequada de amostras de produtos de origem animal, um procedimento essencial para garantir a qualidade e a segurança alimentar. Além disso, desenvolve um olhar crítico sobre o controle sanitário, o que se torna um diferencial competitivo no mercado de trabalho, principalmente em áreas como inspeção de produtos, vigilância sanitária e controle de qualidade”.
A inspeção de produtos de origem animal tem como objetivo a obtenção, manipulação e beneficiamento dos produtos de origem animal, evitando riscos aos consumidores, envolvendo rigorosos padrões de qualidade e de legislação, dentro do controle de qualidade preconizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária do Acre (Mapa), que estabelece a obrigatoriedade da inspeção sanitária como ferramenta que assegura que os produtos alimentícios cheguem aos consumidores livres de riscos à saúde.

Quando um estabelecimento e seus produtos são devidamente registrados, estes passam por constantes fiscalizações e auditorias, quando diversos itens são avaliados, como estruturas, equipamentos, utensílios, métodos de processamento, matéria-prima utilizada, sanidade dos animais destinados ao abate, higiene, análises laboratoriais, entre outros requisitos que fazem com que haja garantia da inocuidade dos produtos finais.

“É a segunda vez que participo deste curso, e essa iniciativa do Idaf em proporcioná-lo é muito importante, porque percebo que as indústrias locais sempre procuram se qualificar. É a partir de conhecimento técnico que avançamos no mercado, com procedimentos corretos e aplicação da legislação, mas, sobretudo, mantendo a segurança da sanidade dos produtos que comercializamos”, ressalta Anna Beatriz Antunes, diretora de qualidade da Acreaves.
Conforme dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), no ano de 2024 o Brasil foi o único país que aumentou a produção de proteína animal, recuperando a rentabilidade para os produtores e o crescimento, tanto na oferta interna quanto nas exportações, mas esse crescimento só foi possível graças às medidas sanitárias aplicadas pelas defesas agropecuárias.

De acordo com Cássio Toledo, professor de inspeção e tecnologia de produtos de origem animal da Ufac, o Brasil ainda vai abrir novos mercados para exportação de proteína animal. Por isso, é necessário que as indústrias mantenham o selo do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA).
“O Idaf dá o suporte e garante que todos os produtos dentro do escopo do órgão e das indústrias que são certificadas por ele sejam de qualidade. As empresas que aderirem ao Sisbi podem comercializar seu produto dentro do mercado interno. Então, quando um país exporta mais, ele abre uma oportunidade para as empresas do mercado interno venderem mais.
Segundo Cássio, as empresas que aderirem ao Sisbi aqui no Acre abrem portas para vendas de produtos de origem animal em diferentes escalas de produção.
“As empresas precisam ter essa visão de qualidade, pois só assim vão ocupar o mercado, aumentando a produção. Isso é um ponto muito importante para o nosso estado, que aumenta sua produção, melhora as indústrias, gerando mais emprego”, afirma.