Foi lançada na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (5), a nova versão do livro “Maria da Penha nas Escolas”, uma ampliação da obra que pretende conscientizar crianças e jovens sobre a necessidade de se combater a violência contra a mulher. O livro conta, em linguagem adaptada, a história de vida de Maria da Penha, a farmacêutica brasileira vítima de violência doméstica que se tornou símbolo do combate à violência contra a mulher no País. O evento foi promovido pela Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, em parceria com Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher.
A obra da historiadora Manoela Barbosa tem ilustrações de Zaia Ângelo, versão em braile e acompanha ainda um Manual do Professor, com orientações e sugestões de atividades a serem realizadas a partir da leitura.
Durante o evento no Salão Negro da Câmara, Manoela Barbosa explicou que o tema do livro, idealizado em 2017, na cidade de Morrinhos, no sudoeste goiano, decorre de uma “encomenda social” recebida a partir de ações desenvolvidas em escolas da periferia.
“A gente estava circulando por escolas no Estado de Goiás, desenvolvendo ações formativas, com temas como cidadania, direitos humanos, e ouvindo muito das demandas de alunos e alunas nessas escolas, em especial sobre condições alarmantes de violência contra as mulheres que estavam afetando a realidade escolar do lugar”, pontuou.
A autora disse ainda que a ideia é aproveitar a oportunidade do livro para levar o debate sobre a violência contra a mulher para além das fronteiras de Goiás. “Essa provocação, essa encomenda social chega pra gente de uma forma muito degradante, mas, com as nossas ações, a gente pode sim lançar sementes e potencializar transformações locais, em vidas, em famílias e em discursos reais em todos os lugares”, acrescentou.
Vice-presidente da Comissão de Defesa da Mulher, a deputada Delegada Ione (Avante-MG) disse esperar que o projeto se espalhe por instituições de ensino de todo o Brasil. “A escola tem um papel fundamental na disseminação de informações e na quebra de preconceitos tão comumente propagados por uma cultura ainda machista e patriarcal”, disse.
“Como delegada de mulheres, a primeira coisa que a gente quer é prender os agressores, mas, após ver inúmeras mulheres e meninas abusadas numa delegacia diariamente, eu fui chegando a uma conclusão: tão necessário quanto prender é educar e reeducar. Nós vivemos num País extremamente machista”.
Também participaram do lançamento as deputadas Laura Carneiro (PSD-RJ), Maria Rosas (Republicanos-SP), Erika Kokay (PT-DF) e, representando o Ministério das Mulheres, Ana Rocha. “Essa cartilha traz um conteúdo forte numa roupagem acessível e que ganha o coração das crianças”, destacou Rosas. “Estamos em tempo democrático de reconstruir o papel da mulher para ela ser o que ela quiser, como ela quiser e com o respeito da sociedade”, concluiu.